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Patrão dos patrões vai liderar a revitalizada SPAL
António Saraiva, presidente da CIP, foi escolhido pela família Mesquita, dona da maior fabricante de chávenas de café do mundo, para o cargo de chairman da SPAL, que tem agora uma dívida de 16 milhões de euros após um perdão dos credores de 9,6 milhões.
Conseguida a homologação do seu Processo Especial de Revitalização (PER) e comprada a posição de 35% que o fundo público FACCE tinha na empresa, a família Mesquita "prepara-se para projetar" a Sociedade de Porcelanas de Alcobaça (SPAL), "e a sua marca, para o futuro", começando desde logo por fazer alterações na cúpula da sua equipa de gestão.
A família Mesquita, dona do grupo Cup & Saucer, que se apresenta como a maior fabricante de chávenas de café do mundo e detém 100% da SPAL , escolheu António Saraiva, presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), para chairman da revitalizada empresa alcobacense.
António Saraiva mostra-se "muito entusiasmado com o novo desafio, estando pela primeira vez ligado a esta indústria da cerâmica, tão importante no nosso país", afirma o gestor, em comunicado enviado pela SPAL às redações, esta quarta-feira, 7 de abril.
Na administração permanece a família Mesquita, com os seus três administradores - Mariana, com os pelouros do marketing e comercial, o irmão Pedro, que é responsável pelas áreas financeira e industrial, e que continuam a ter o pai, Ângelo Mesquita, na equipa executiva da SPAL.
"Com alterações ao nível da gestão, a equipa é reforçada, capacitando-se para aproveitar as oportunidades que o mercado global dispõe, e para implementar processos de melhoria contínua da sua performance e competitividade", enfatiza a empresa.
A empresa da família Mesquita adianta que este novo ciclo da SPAL "inicia-se com um reforço igualmente ao nível operacional com dois braços fortes ligados ao controlo de gestão e à gestão de processos de otimização industrial e melhoria contínua".
SPAL tem 263 trabalhadores e promete pagar a dívida em 150 meses
De acordo com o plano de recuperação da SPAL, que foi homologado no mês passado, de uma dívida da empresa que totalizava 25,6 milhões de euros foram perdoados créditos subordinados no montante de 9,6 milhões, dos quais 6,1 milhões eram reclamados pelo estatal FACCE – Fundo Autónomo de Apoio à Concentração e Consolidação de Empresas.
Ora, o FACCE detinha 35% do capital da SPAL, mas vendeu a sua participação, em fevereiro, à família Mesquita, que ficou dona de 100% da empresa, pelo que o perdão de dívida em causa foi efetuado por outras empresas do grupo Cup & Saucer e especialmente relacionadas com a SPAL
Como a Cup & Saucer tinha, entretanto, adquirido a posição acionista deste fundo na SPAL, "os únicos credores que ficaram sujeitos a perdão de dívida de capital foram outras empresas do grupo e especialmente relacionadas com a SPAL", avança a empresa detida pela família Mesquita.
O PER da SPAL, que emprega 263 pessoas, recebeu a aprovação de credores que representam 85,2% dos créditos reconhecidos, com o Novo Banco à cabeça, tendo a haver mais de 7,3 milhões de euros. O plano recebeu igualmente o voto da Segurança Social, à qual a empresa deve 2,6 milhões de euros, mas levou chumbo da CGD (1,7 milhões de euros) e do Santander (1,5 milhões).
Com a sua dívida agora reduzida a aproximadamente 16 milhões de euros, a SPAL compromete-se a reembolsar o que deve no prazo de 150 meses, com 12 de carência, sendo que as indemnizações aos trabalhadores que foram despedidos, em setembro passado, no montante global de 480 mil euros, terão de ser pagas em 18 prestações mensais.
Depois de ter acumulados prejuízos de seis milhões de euros, nos últimos seis anos, a SPAL pretende atingir resultados operacionais positivos já este ano e obter lucros a partir de 2024. Quanto a vendas, que não foram além dos 7,5 milhões de euros em 2020, menos 2,6 milhões do que no ano anterior, espera faturar 8,25 milhões de euros este ano.
(Notícia atualizada às 12:48)