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Pandemia “desmonta” mobiliário português no estrangeiro
A fileira do mobiliário perdeu 14% das exportações em 2020, face ao ano anterior, com os cinco maiores clientes internacionais a reduziram as compras às fábricas nacionais. França e Espanha valem mais de metade das vendas.
As empresas portuguesas do cluster do mobiliário venderam 1,58 mil milhões de euros no estrangeiro em 2020, o que representa uma quebra de 14% em relação ao ano anterior, que tinha sido o melhor de sempre para este setor que exporta cerca de 90% da produção.
Os primeiros três meses da pandemia - março (-32%), abril (-75%) e maio (-52%) – foram "absolutos rombos na dinâmica internacionalizadora" desta fileira, que integra também a colchoaria, a decoração, a tapeçaria ou a iluminação. Ainda recuperou no verão, em termos homólogos, mas as restrições da covid-19 no último trimestre do ano arrastaram novamente as contas para o vermelho.
De acordo com os dados disponibilizados pela APIMA, a principal associação do setor, os cinco maiores importadores encolheram as compras de mobiliário português no ano passado. A começar por França (-20%), que continua a valer quase um terço das exportações nacionais, e prosseguindo em Espanha (-6%), Alemanha (-30%), Reino Unido (-16%) e Estados Unidos da América (-12%).
"Os resultados do segundo semestre de 2020 demonstram a dinâmica das empresas deste cluster, que, mesmo perante circunstâncias sem precedentes, lograram continuar a encontrar novos mercados, oportunidades e soluções", diz Joaquim Carneiro, presidente da APIMA, citado numa nota enviada às redações.
Com um total de 4.500 empresas e 31 mil trabalhadores, o cluster do mobiliário estimava em abril de 2020 que a crise do novo coronavírus colocaria dois terços do setor em lay-off e teria um impacto negativo de 30% na faturação anual, em relação a 2019. A APIMA acreditava, ainda assim, que "boa parte" dos funcionários dispensados seriam absorvidos por empresas de maior dimensão, sem evitar a perda de 15% dos empregos até dezembro.