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Luís Portela sai, Horta Osório entra: “A Bial tem muitos projetos bonitos para realizar”

“No próximo dia 20 de abril deixarei a administração da Bial, cessando a minha atividade profissional, após 48,5 anos ao seu serviço, os últimos 42 como presidente. O Dr. Horta Osório substituir-me-á no cargo. O meu filho António continuará como CEO”, frisa Luís Portela.

Luís Portela
Luís Portela abandona a liderança da Bial na próxima terça-feira, 20 de abril, sendo substituído no cargo de chairman por António Horta Osório.
17 de Abril de 2021 às 13:10
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"É minha intenção visitar o Tibete, coisa que antes nunca tive oportunidade de fazer. Mas, sobretudo, desejo saber aproveitar a disponibilidade de tempo que vou ter para me procurar conhecer melhor, nomeadamente a melhor versão de mim", confidenciou Luís Portela ao Negócios, em janeiro passado, quando anunciou que iria, em abril, deixar a liderança da administração da Bial, para se dedicar à fundação da maior farmacêutica portuguesa, aos seus livros e à família.

 

O momento da sua saída da liderança da Bial, sendo substituído no cargo de chairman pelo banqueiro português com mais currículo, está marcado para a próxima terça-feira.

 

"No próximo dia 20 de abril deixarei o conselho de administração da Bial, cessando a minha atividade profissional, após 48,5 anos ao seu serviço, os últimos 42 como presidente. O Dr. António Horta Osório substituir-me-á no cargo. O meu filho António continuará como CEO", realça Luís Portela, num "e-email" enviado esta sexta-feira ao Negócios.

 

Já este sábado, num depoimento solicitado pelo Negócios, Luís Portela manifesta-se tranquilo e confiante na equipa que deixa à frente da empresa. "Prestes a deixar a presidência da Bial, vivo este momento com um sentimento de tranquilidade e de confiança. Temos uma forte equipa executiva, liderada pelo meu filho António, agora com o apoio reforçado do novo chairman, António Horta Osório. Mas também temos uma forte estrutura, com muitos projetos bonitos para realizar", afirma.

 

"E, simultaneamente, um sentimento de enorme gratidão a toda a equipa que tive a honra e o prazer de liderar, que transformou a Bial, possibilitando que a empresa esteja hoje com medicamentos inovadores ao serviço da saúde das pessoas um pouco por todo o mundo", enfatiza o médico e gestor.

 

Registe-se que, conforme o Negócios revelou há duas semanas, a Bial vai duplicar o seu campus na Trofa, para 24 hectares, e investir 15 milhões de euros na expansão industrial, dos quais oito milhões na construção de raiz, "a iniciar a muito curto prazo", de uma nova fábrica de antibióticos.

 

Transformou a Bial numa farmacêutica capaz de levar novos medicamentos ao mundo

 

Foi na década de 70 do século passado que Luís Portela decidiu abandonar o doutoramento em Londres e recuperar a empresa fundada, nos anos 20 do século passado, pelo seu avô, Álvaro Portela, conjuntamente com o sócio, o senhor Almeida.

 

E foi preciso ter paciência de monge tibetano, visão estratégica do tamanho da China e espírito empreendedor para esperar anos e anos até à obtenção de resultados.

 

Já lançou no mercado mundial os primeiros medicamentos de investigação portuguesa - um para a epilepsia (o Zebinix) e outro para a doença de Parkinson (o Ongentys), nos quais investiu mais de 600 milhões de euros. E abriu recentemente um centro de I&D nos Estados Unidos.

 

Com fábrica na Trofa e 10 filiais, emprega atualmente mais de mil pessoas, das quais 10% são doutorados, tendo 150 profissionais a trabalhar em I&D, de 17 nacionalidades.

 

Exportando para 60 países, fechou o pandémico ano de 2020 com uma faturação de 344 milhões de euros, mais 11,3% do que no ano anterior, com 80% a ser garantida nos mercados externos.

 

Luís Portela é um pacifista. "Sou incapaz de fazer mal a uma mosca. Se ela me incomodar apanho-a com a mão (20 anos de karaté permitem-me a concentração para apanhar a mosca à mão), abro a janela e ponho-a lá fora. Eu não mato uma mosca, como não mato uma centopeia. Sou um pacifista que alarga o pacifismo ao universo", afirmou ao Negócios no verão de 2009.

 

De entre as obras que mais o marcaram está "O Livro do Caminho Perfeito", de Lao Tsé.

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