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Governo arrasta estratégia para "Indústria 4.0" até final do ano

O documento coordenado pela Deloitte já está nas mãos do Governo, mas ainda está a ser negociado pelas várias tutelas. O Ministério da Economia reconhece o atraso – devia ter sido apresentado em Julho –, e refere que serão adoptadas "mais de 50 medidas".

Miguel Baltazar
03 de Outubro de 2016 às 16:30
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O Ministério da Economia garantiu ao Negócios que "as medidas decorrentes da iniciativa ‘Indústria 4.0’ serão tornadas públicas até ao fim deste ano", com fonte oficial da tutela liderada por Manuel Caldeira Cabral a adiantar apenas que "já é certo que serão mais de 50 medidas".

 

O desenho da estratégia portuguesa para atacar a designada quarta revolução industrial – alicerçada na utilização das novas tecnologias ao serviço da indústria –, está assim atrasado e a divulgação pública ainda vai demorar. A 21 de Abril, na cerimónia de lançamento desta iniciativa, o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, tinha prometido que as "prioridades e medidas concretas" seriam divulgadas em três meses.

 

Quase quatro anos após a discussão sobre a chamada indústria 4.0 começar noutros países (o primeiro a ter uma estratégia definida foi a Alemanha em 2013), o Governo português convocou perto de 80 empresas de vários sectores para debater este tema e ajudar a delinear uma estratégia nacional, com as correspondentes medidas públicas, para impulsionar as fábricas do futuro. Foi ainda constituído um comité estratégico com 13 entidades públicas e privadas, incluindo multinacionais como a Altice, Bosch, Google, Huawei, Siemens e Volkswagen.

 

Segundo Nélson Fontainhas, partner da Deloitte Portugal – a consultora ficou com a coordenação deste trabalho –, a discussão com as empresas já está concluída e as conclusões deste debate já estão nas mãos do Governo, estando agora em validação dentro do Executivo e a ser negociadas entre as várias tutelas envolvidas.

 

No "road show" Portugal Global da AICEP, realizado a 27 de Setembro em Aveiro e em que este tema esteve em debate, o responsável da Deloitte referiu apenas que no diploma entregue à secretaria de Estado da Indústria há temas relacionados com qualificação e Recursos Humanos, internacionalização, normas e regulação – "não é para restringir, é para retirar preocupações" –, com a criação de uma lógica de coopetição e com um modelo de incentivos propenso à inovação.

 

Este trabalho começou com quatro fileiras prioritárias (moda e retalho, automóvel, turismo e agro-alimentar) e ouviu líderes de indústria, PME, start-ups, fornecedores de tecnologia, academias e centros tecnológicos, governo e associações empresariais. O trabalho realizado desde Abril permitiu chegar a "medidas concretas, específicas por fileira ou transversais, de impacto imediato ou mais estruturantes", frisou Nélson Fontainhas.

 

Para "comissário" ver 

Segundo uma nota de imprensa divulgada pelo Ministério da Economia, no âmbito da iniciativa do Governo liderado por António Costa para a "Indústria 4.0", o comissário europeu Gunther Oettinger, responsável pelas pastas de Economia e Sociedade Digital, reuniu-se esta segunda-feira, 3 de Outubro, em Lisboa, com os membros do comité estratégico desta iniciativa, que inclui várias empresas multinacionais.

 

Neste encontro que decorreu ao almoço no hotel Altis, já depois do comissário alemão ter pedido a Portugal garantias de redução efectiva do défice, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, discutiram com Gunther Oettinger a estratégia portuguesa a nível industrial.

 

Em Junho, quando ainda estimava que a estratégia para a Indústria 4.0 seria lançada no mês seguinte, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que o Governo já tem preparado outro programa nacional para contribuir para a "atracção de investimento e de fixação de quadros qualificados", referindo-se ao "Programa Nacional Start-Up".

 

Na primeira edição da "Call Indústria 4.0", a Portugal Ventures, sociedade pública de capital de risco, abriu no início de Julho e até 18 de Agosto as candidaturas para "start-ups e spin-offs empresariais e universitários que desenvolvam e integrem soluções baseadas nas tecnologias que caracterizam a quarta revolução industrial, com base em tecnologias, produtos e soluções comercializáveis globalmente e que demonstrem possuir factores de competitividade internacional e forte potencial de escalabilidade".

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