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Governo adapta legislação e incentivos à Indústria 4.0

O ministro da Economia alerta as indústrias para o perigo de saírem da lista de fornecedores das multinacionais e aconselha a que recorram a consultoras, tecnológicas e start-ups.

Miguel Baltazar / Negócios
06 de Dezembro de 2016 às 13:26
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Lançada em Abril com coordenação da Deloitte e o envolvimento de quase uma centena de organizações, com prazo de conclusão (falhado) até Julho e renovadas promessas de apresentação até ao final deste ano, a estratégia portuguesa para a Indústria 4.0 vai obrigar à revisão de legislação, de regulação e a ajustamentos nos programas de apoio à inovação e nos avisos dos fundos comunitários.

 

O ministro da Economia garantiu esta terça-feira, 6 de Dezembro, que, com as primeiras conclusões desse estudo e com a sua análise própria, o Governo já está "a ver o que será necessário fazer" para adaptar esses instrumentos financeiros, legais e regulamentares para a chamada quarta revolução industrial. No caso do turismo, exemplificou, algumas dessas ideias já estão a ser colocadas na estratégia em desenvolvimento para o sector.

 

"Em toda a Europa só oito países têm estratégias para a indústria 4.0 e Portugal é um deles. Esta estratégia requer acções do governo e já estamos a integrar as conclusões nas nossas acções. (…) O Estado tem aqui um papel importante, por exemplo na formação dos recursos humanos, a olhar para a regulação, para a legislação e para os programas de incentivo à inovação", resumiu Manuel Caldeira Cabral.

 

Questionado pelo Negócios à margem de uma conferência sobre o tema na Universidade Católica, no Porto, concretizou que já está a ser preparada legislação específica para os veículos não tripulados, para os drones e para assegurar o "cuidado da protecção e da privacidade" nos dados gerados pela digitalização dos processos e pela integração das máquinas industriais. "Há muitos aspectos em que o maior desafio não será a legislação, mas em que a legislação pode ser um empecilho e é isso que não queremos", acrescentou.

 

Caldeira Cabral sustentou, porém, que "boa parte dos desafios colocam-se às empresas" e dependem da "resposta que cada empresa privada saiba dar". Chamou a atenção dos industriais "para que não se deixem atrasar neste importante desafio" e um conselho para que se associem a "empresas que dominam estes aspectos da digitalização, como consultoras, empresas de software ou start-ups que têm novas soluções".

 

Se os desafios são grandes, as oportunidades assumem a mesma dimensão e o governante acredita que a indústria nacional está "em muitos aspectos" preparada para dar uma resposta. Isto porque, detalhou, "a indústria 4.0 vai querer produtos customizados, únicos, preparados para clientes muito exigentes, e a indústria portuguesa evoluiu muito nos últimos anos para conseguir fazer séries pequenas, com resposta rápida e altos padrões de qualidade".

 

"Este é um processo em que quem ficar dentro – e temos muitas empresas em vários sectores tradicionais que são muito boas a dar esta resposta rápida, diversificada e de muita qualidade – pode ganhar muito. Mas quem ficar de fora poderá ficar de fora de uma grande oportunidade e, dentro de quatro ou cinco anos, ser excluída destas cadeias de valor porque as grandes multinacionais, de quem as empresas portuguesas são fornecedoras, vão ter de dar essa resposta", concluiu.

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