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Governo relativiza perda de milhares de empregos no setor têxtil
O ministro da Economia tentou ignorar a estimativa de destruição de empresas e de postos de trabalho nesta indústria, contrapondo os ganhos de produtividade que vão permitir “produzir mais com menos gente”.
Pedro Siza Vieira desdramatizou esta quarta-feira, 4 de dezembro, o cenário de perda de 2 mil empresas e 28 mil empregos nos próximos cinco anos, traçado pelos próprios industriais do têxtil e do vestuário, apontando que vê antes "uma visão muito ambiciosa para o setor, que quer crescer em volume de negócios, em exportações e na produtividade".
Perante a insistência dos jornalistas sobre a possibilidade de repetição de uma crise aguda nesta indústria, como a que atravessou no final dos anos 1990 e na primeira década deste século, o ministro da Economia anuiu que há "uma força de trabalho neste setor que já tem uma certa idade e é possível que algumas pessoas vão começando a abandoná-lo".
"O que queremos é que a renovação da força de trabalho se faça com pessoas mais qualificadas e que as empresas, sendo mais produtivas, sejam capazes de produzir mais com menos gente. (…) Há uma ideia de sucessão de gerações, com cada vez maior qualificação, e com empresas que vão ganhar escala, tornar-se mais competitivas a nível internacional e, com isso, conseguem produzir mais e melhor", acrescentou.
À margem do fórum anual desta indústria tradicional, em Vila Nova de Famalicão, o governante acabou por reconhecer a diminuição das encomendas provenientes de alguns mercados, sobretudo europeus. Apesar dessa conjuntura de maior incerteza, Siza Vieira completou que as empresas devem continuar a investir em áreas como a digitalização ou a economia circular, até porque "quem não fizer esse esforço de investimento não vai conseguir afirmar-se nas preferências dos novos consumidores".
Do financiamento aos incentivos fiscais
Minutos antes, perante centenas de empresários e gestores desta indústria exportadora, o ministro da Economia garantiu aos empresários que "podem contar com o Estado português", que "vai acompanhar a ambição do setor", apontando a "uma ambição ainda mais elevada na produtividade e na criação de valor".
Na área do financiamento, Siza Vieira admitiu que "há muita liquidez no mercado, mas ela tem de chegar às atividades produtivas" e prometeu que "as instituições financeiras do Ministério da Economia vão contribuir para melhorar as condições de acesso ao financiamento" e que o Executivo socialista vai "assumir um papel ainda mais assertivo" nesse domínio.
Reclamando que nos custos da energia "o diferencial tem de continuar a diminuir face aos parceiros europeus", o responsável antecipou a abertura de novos avisos do Portugal 2020 dirigidos à internacionalização e à modernização das infraestruturas tecnológicas deste setor, assegurando ainda que o Governo vai manter os incentivos fiscais aos ganhos de escalas das empresas e os atuais apoios na qualificação dos trabalhadores.