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Estado concretiza venda da ex-Qimonda recuperando 8,9 milhões em créditos

A AICEP e os bancos alienaram as posições na Nanium à americana Amkor. O Estado recupera créditos de 8,9 milhões e diz que, de forma gradual, receberá o capital investido. Governo continua sem revelar o valor do negócio.

Egídio Santos
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A empresa da antiga Quimonda em Portugal já não está em mãos nacionais. O Governo deu luz verde à transacção em que a estatal AICEP vende a sua posição de 18%, em paralelo com as alienações das participações de 41% que tanto o Banco Comercial Português como o Novo Banco tinham na denominada Nanium.

 

"Foi ontem [22 de Maio] concluída a operação de aquisição da Nanium S.A. (ex-Qimonda) pela empresa americana Amkor Technology Inc. Os secretários de Estado da Internacionalização, Jorge Costa Oliveira, e do Tesouro, Álvaro Novo, aprovaram a venda após a audição da Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Sector Público Empresarial (UTAM), que deu parecer favorável à transacção", indica um comunicado emitido esta terça-feira, 23 de Maio, pelo gabinete do secretário de Estado da Internacionalização.

 

O valor da operação não é revelado na nota enviada às redacções – nem o foi quando, em Fevereiro, se anunciou o acordo de compra e venda com os americanos da Amkor. O Jornal Económico tinha avançado há semanas que o processo estava a demorar mais do que o previsto por detalhes relacionados com o preço que estavam em discussão no Ministério das Finanças

 

O Governo repete, contudo, aquilo que já tinha dito ao Negócios: o dinheiro investido na fabricante do segmento de semicondutores será recuperado. Não são indicados prazos para que isso aconteça.  

 

Capital recuperado de forma gradual

 

"A ex-Qimonda recebeu apoios directos ao investimento aprovados no programa de incentivos à modernização da economia (PRIME), no ciclo 2000/2006, e nos sistemas de incentivos do QREN, no ciclo 2007/2013. Com esta operação, o Estado Português recuperou os créditos remanescentes correspondentes aos incentivos concedidos e ainda não reembolsados, no valor de 8.930.126,00 euros, e vai também recuperar, de forma gradual, a componente capital investida na empresa, resultante do processo de insolvência da Qimonda", indica o comunicado. Não são identificados prazos nem montantes relativos a esta recuperação do capital.

 

A Nanium foi uma empresa que resultou da falência da alemã Qimonda. A AICEP detinha 17,88%, os bancos 41,06% cada um. O comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros fala no BES, mas na resolução do antigo banco a posição ficou no Novo Banco.


Com a venda à Amkor, ficam salvaguardados, diz o Governo, os cerca de 550 pontos de trabalho da empresa sediada em Vila do Conde. "A aquisição da Nanium pela Amkor é um passo sólido para a viabilidade e crescimento a médio e a longo prazo da empresa, enquadrada num grupo que é o segundo maior do sector a nível mundial, com um volume de negócios, em 2016, de 3.900 milhões de dólares", continua o Ministério dos Negócios Estrangeiros no comunicado, acrescentando que, com a alienação, o Estado evita eventuais investimentos caso haja necessidades futuras por parte da empresa.

 

"A Amkor, pela sua dimensão e capacidade financeira, tem condições para assegurar os significativos investimentos que a Nanium requer nos próximos anos, única forma de manter a sua competitividade internacional", concretiza o comunicado do Governo.

Ao Negócios, a empresa americana tinha dito que estava disposta a aumentar o quadro de pessoal da empresa após a conclusão da operação. O grupo americano acredita, como diz numa nota por si divulgada, que a aquisição da Nanium "dará força à posição" da Amkor, nomeadamente devido à tecnologia WLFO (tecnologia de encapsulamento de semicondutores) que a empresa portuguesa desenvolveu. 

Novo Banco livra-se de mais um activo

Em Fevereiro, aquando do anúncio desta alienação, o Novo Banco tinha enquadrado a operação no "processo de desinvestimento de activos não estratégicos", para se focar no negócio bancário doméstico. Então, ainda não era certo se a transacção teria um impacto neutro ou positivo no rácio de solidez da instituição financeira.

Ainda não foi possível obter uma resposta da instituição liderada por António Ramalho, tal como não houve ainda reacção do BCP. 

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