746.042.424,94 euros: foi por este valor que o consórcio formado pela francesa Alstom e o grupo português DST ganhou a adjudicação do fornecimento de 117 novos comboios para a CP, num concurso que tinha sido lançado pelo valor de 819 milhões de euros.

Em comunicado, a CP anunciou esta terça-feira a decisão de adjudicação do concurso para este projeto, que "promoverá o desenvolvimento e sustentabilidade do setor ferroviário no médio e longo prazo, sendo um marco fundamental na modernização e expansão do transporte ferroviário de passageiros em Portugal".

A compra compreende 62 unidades automotoras para o serviço urbano e 55 unidades automotoras para o serviço regional, "refletindo o compromisso da CP em responder às crescentes necessidades de mobilidade dos cidadãos, com soluções de transporte mais sustentáveis", acrescenta.

A empresa assegura ainda que a incorporação destes novos comboios na sua frota "representa um avanço significativo na melhoria da eficiência, conforto e frequência dos serviços oferecidos". 

"Estamos entusiasmados por começar a escrever um novo capítulo na história da indústria e dos transportes em Portugal", reagiu fonte oficial da Alstom ao Negócios, acrescentando que "sentimo-nos orgulhosos por termos sido selecionados pela CP como o licitante preferido".
 

A Alstom, disse, apresentou "a melhor oferta para o mercado português, cumprindo integralmente todas as condições exigidas no caderno de encargos, estando comprometida com o desenvolvimento local e industrial, e disponibilizando aos passageiros portugueses comboios de última geração".

"O compromisso da Alstom com Portugal é absoluto: forneceremos comboios para Portugal construídos em Portugal, comboios que os cidadãos portugueses poderão chamar orgulhosamente seus", assegurou a mesma fonte. 

O consórcio da Alstom e DST tinha obtido em junho passado a melhor pontuação neste concurso lançado em 2021 - a maior compra de comboios de sempre da CP -, ficando à frente das propostas da suíça Stadler e da espanhola CAF, que contestaram então o relatório do júri.

Ainda este mês no Parlamento o ex-ministro das Infraestruturas João Galamba justificou o atraso na adjudicação deste concurso - que prevê que os comboios sejam construídos em Portugal - com o risco de litigância.

"A CP está a tentar responder a todas as dúvidas e garantir robustez jurídica para minimizar a litigância", explicou então, acrescentando que a operadora ferroviária estava a fazer "um trabalho super minucioso" para diminuir a probabilidade de o processo ir parar aos tribunais, como aconteceu no concurso anterior para a compra de 22 comboios para o serviço regional da CP, que levou a um atraso de um ano.

A Alstom anunciou este mês, na apresentação de resultados, um plano para despedir 1.500 trabalhadores, vender ativos até mil milhões de euros, reduzir o endividamento além da possibilidade de realizar um aumento de capital devido a uma crise de liquidez.

No entanto, fonte oficial da fabricante de comboios francesa assegurou que estes planos, "divulgados aquando da comunicação dos resultados, não afetam os compromissos assumidos pela empresa com os seus clientes, nem as suas capacidades produtivas".

"Os objetivos da Alstom de crescimento em Portugal mantêm-se inalterados", acrescentou.