Na manhã do último dia de julho passado, Sven Ost, administrador do grupo Bosch, chegava de surpresa à fábrica de Braga, a maior das três unidades industriais da multinacional alemã em Portugal, com uma missão – suspender compulsivamente cinco gestores de topo desta unidade industrial, incluindo Carlos Ribas, gestor técnico da fábrica e representante da Bosch no nosso país.

"Sempre pautei a minha carreira pelos mais elevados padrões éticos e morais, em respeito pela lei e pelas pessoas e instituições onde tenho desenvolvido a minha carreira profissional de mais de duas décadas", garantia Carlos Ribas, no dia seguinte, em declarações ao Negócios.

"Foi por isso, com total surpresa, que conjuntamente com outros quadros da empresa, recebi uma notificação de suspensão de funções, da qual não consta qualquer situação específica identificada", insurgia-se o gestor, que entrou na Bosch há 21 anos, tendo nos últimos nove liderado a operação do grupo alemão em Portugal.

"Estando certo que sempre fiz tudo em defesa da empresa e dos colaboradores, lutarei até às últimas instâncias pela defesa do meu bom nome", sinalizou Ribas.

"A partir da mesma data [1 de agosto] e até novas ordens, Javier Gonzalez Pareja, presidente da Bosch Ibéria, assumirá as responsabilidades de Carlos Ribas na sua função de representante da Bosch em Portugal, para além das suas funções atuais", avançava, na altura, fonte oficial da multinacional ao Negócios.

28 de janeiro de 2025: "A Bosch, fornecedora líder global de tecnologia e serviços, informa que Javier González Pareja, presidente da Bosch em Portugal e Espanha desde 2017, assume em definitivo a representação da Bosch em Portugal, em acumulação com as funções que detinha anteriormente", anuncia a multinacional alemão, em comunicado.

Depois de ter assumido a representação da Bosch em Portugal a título temporário a 1 de agosto passado, a Bosch "confirma a continuidade de Javier González Pareja, reforçando deste modo a confiança e a aposta na continuidade do trabalho que tem sido desenvolvido até ao momento", enfatiza o grupo alemão.

"Este é um compromisso que abraço com entusiasmo e dedicação. Assumirei pessoalmente esta função, o que me permitirá estar ainda mais próximo do desenvolvimento das nossas atividades no país. Acredito que Portugal tem um grande potencial para continuar a crescer como um centro estratégico para a Bosch na Europa", afirma Javier González Pareja, que está "baseado em Lisboa desde 2023".

Licenciado em Economia pela Universidade Complutense de Madrid e Universidade Bayreuth na Alemanha, Javier González Pareja está na Bosch há 30 anos. Além de presidir à Bosch em Portugal e Espanha, Pareja é responsável pelos recursos humanos do grupo na Europa, Médio Oriente e Norte de África.

Presente em Portugal desde 2011, a Bosch é a quinta maior exportadora nacional e emprega mais de sete mil pessoas no nosso país, tendo fechado 2023 com uma faturação de 2,1 mil milhões de euros.

A nível global, o grupo germânico emprega cerca de 429 mil pessoas e faturou 91,6 mil milhões de euros em 2023.

(Notícia atualizada às 12:21)