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APIC: Indústria de curtumes modernizou-se e "vai precisar de pessoas"

A indústria de curtumes nacional modernizou-se, diversificou áreas de negócio, multiplicou sete vezes a quota de exportação (de 5% em 1990 para 35% em 2014) e "vai precisar de pessoas", disse o secretário-geral da APIC.

16 de Julho de 2014 às 01:26
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Gonçalo Santos, secretário-geral da Associação Portuguesa da Indústria de Curtumes (APIC), falava na terça-feira, em Alcanena, num debate sobre a situação actual da indústria de curtumes e perspectivas futuras, que assinalou os 20 anos do Centro Tecnológico das Indústrias do Couro (CTIC).

 

O responsável da APIC afirmou que o sector se afirmou nos últimos anos, acompanhando Itália e França e com um desempenho melhor que Espanha, apesar de ter menos fábricas, dada a dimensão do país.

 

Referindo a evolução de um sector que surgiu há 200 anos em Portugal, e começou a modernizar-se na década de 1980 e a melhorar o desempenho ambiental, Gonçalo Santos afirmou que a indústria de curtumes começa agora a recuperar de um "início de milénio difícil", estando a atingir um volume de negócios próximo do ano de pico (2000).

 

Também a evolução das exportações "tem sido muito positiva" para um sector que deixou de depender quase exclusivamente do calçado (de cerca de 90% na década de 1990 para 73% em 2013) para diversificar, estando a trabalhar para "marcas de topo" nacionais e estrangeiras, de áreas que vão do vestuário e calçado à aeronáutica e automóvel, entre outras.

 

Entre as dificuldades, Gonçalo Santos referiu a adequação à legislação europeia, que impõe regras "sem sentido" e não pugna pela defesa das indústrias do continente, e o envelhecimento da força de trabalho.

 

"Esta indústria está a fazer-se com menos pessoas e menos empresas. Precisamos de pessoas. É preciso trazer pessoas para a indústria", referiu, apelando às empresas para que mostrem como "trabalham bem" e as fábricas "fabulosas" que o país possui.

 

O ex-ministro da Indústria Mira Amaral e Paulo Cunha, do IAPMEI, defenderam a necessidade de programas que aliem as universidades à indústria e que coloquem a investigação a contribuir para a inovação.

 

Paulo Cunha adiantou que há intenção de, no próximo quadro de apoio comunitário, criar unidades que juntem investigadores, centros tecnológicos e empresas, para que a investigação resulte em novos produtos.

 

Mira Amaral insurgiu-se contra a formação "maciça de doutores que o ensino superior não consegue acomodar e as empresas não querem", defendendo que a investigação deve fazer-se nas empresas, injectando aí conhecimento.

 

No debate, a presidente da Câmara Municipal de Alcanena, Fernanda Asseiceira, defendeu a criação de uma rede de centros tecnológicos coordenados por uma agência nacional, à semelhança do que foi feito para os centros de ciência viva e que impediu a replicação de competências. "É desta rentabilização e valorização que o país precisa", defendeu, frisando a importância da ligação dos centros tecnológicos ao ensino superior e às empresas.

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