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Banqueiros centrais preocupados com o aumento dos preços dos imóveis
Os preços do imobiliário estão a subir um pouco por todo o mundo, o que está a representar um foco de preocupação devido aos riscos de uma bolha imobiliária. Os banqueiros centrais estão preocupados com a falta de ação por parte dos países.
Os países precisam de implementar medidas que minimizem os riscos do mercado imobiliário, defendem vários responsáveis dos bancos centrais, numa altura em que os preços das casas estão a subir. Há vários alertas, entre os quais o facto de, em muitas cidades europeias, o mercado imobiliário estar num patamar semelhante ao do pico pré-crise.
O Comité Europeu do Risco Sistémico avaliou os riscos do mercado imobiliário residencial dos países da União Europeia, Islândia e Noruega, tendo publicado as suas conclusões na semana passada. Há cinco países em risco elevado, tendo sido emitidos alertas a estes. Outros seis países foram alvo de recomendações. No caso de Portugal o relatório conclui que o país está entre os mercados de risco médio, mas as recomendações que o Banco de Portugal fez e que estão a ser implementadas pela banca são consideradas suficientes "para mitigar os riscos identificados".
Estes dados foram conhecidos na semana passada, tendo entretanto vários responsáveis falado sobre o assunto, expressando preocupações com a falta de medidas e os riscos que este mercado representa.
"Queremos que as pessoas percebam que estamos novamente nos picos pré-crise nos mercados imobiliários em muitos países – cerca de metade estão na Europa", salientou ao Financial Times Francesco Mazzaferro, do Comité Europeu do Risco Sistémico. O responsável sublinhou que "esta é uma questão política", sendo que o contexto atual "afeta a população mais jovem e os casais recém-casados que não têm dinheiro suficiente para pagar uma entrada".
O governador do banco central holandês, Klaas Knot, realçou que os políticos têm mostrado relutância em tomar medidas no mercado imobiliário. O responsável destacou que a Holanda tem atualmente o nível de crédito hipotecário mais elevado na Zona Euro, o que poderá ser um problema. "O ciclo político não está sincronizado com o ciclo económico e os políticos nunca vão resolver um problema que não têm, por isso só se vão focar nele quando virem o problema… e apenas quando for tarde demais", salientou, citado pelo FT.
Esta perspetiva é partilhada pela vice-governadora do banco central da Finlândia, Marja Nykänen, que diz que "há um atraso inerente no processo", acrescentou. "Os dados que estamos a usar para produzir análises são sempre dados históricos… e o processo leva tempo até que origine uma decisão e depois são precisos 12 meses para implementar por isso há o risco de ser tarde", explica Marja Nykänen.
Ainda esta segunda-feira, 30 de setembro, o UBS publicou um estudo em que analisou o mercado imobiliário de 24 cidades mundiais, tendo identificado um número elevado de cidades onde o risco de bolha imobiliária é uma realidade. Munique é a cidade com maior risco.