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Stilwell mantém confiança nos EUA apesar de Trump, mas admite "cautela" no offshore

No entanto, o CEO da EDP diz que vai "analisar eventuais implicações para a execução dos projetos no país, dadas as as incertezas naturais que existem durante a transição de poder". 

06 de Novembro de 2024 às 15:52
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A eleição de Donald Trump como 47.º Presidente dos Estados Unidos não parece ter afetado as perspetivas da EDP Renováveis para continuarem a registar um "forte crescimento" no país, assegurou o CEO Miguel Stilwell d'Andrade esta quarta-feira, numa chamada telefónica com analistas após a apresentação de resultados relativos aos primeiros nove meses do ano. 

Entre janeiro e setembro, a EDPR reduziu os seus lucros em 53%, de 445 para 210 milhões de euros, muito por causa dos projetos na Colômbia e pela redução nas operações de rotação de ativos no período, face aos mesmos meses de 2023.

Somando isto com a confirmação da vitória de Trump, as ações da EDP Renováveis chegaram a estar a cair 13,29% nesta sessão, recuando agora cerca de 12%. O CEO reconheceu que a EDPR é uma empresa "mais volátil e por isso tem dias bons e dias maus", uma "desvantagem" o que se verificou agora, a seguir às eleições. 

A casa mãe EDP também caiu, mas menos: chegou a recuar 10,99%, situando agora nos 7,05%. Questionado sobre uma fusão entre EDP e EDPR, neste contexto, o CEO disse que não exlui esse cenário e repetiu qye "está sempre em cima da mesa". NO entanto, por agora, a empresa está "contente com a estrutura". 

Apesar da confiança nos EUA - um mercado que considera de baixo risco -, no que diz respeito ao eólico offshore do outro lado do Atlântico, Stilwell reconheceu que esta tecnologia "tem enfrentado uma forte oposição" no país. "Planeamos agir com cautela a curto prazo, apesar das metas e objetivos assumidos. Veremos como evolui nos próximos meses", disse o responsável, sublinhando que "os EUA continuam a ser um mercado-chave para o desenvolvimento das energias renováveis".

Ainda assim, a EDP vai estar a "analisar eventuais implicações para a execução dos projetos em curso e contratados, e para o seu crescimento a curto prazo, dadas as as incertezas naturais que existem durante a transição de poder". 

 
"Vamos estar atentos às políticas que vão surgir nos próximos meses nos Estados Unidos. Mas repito que é bom termos portefólios diversificados em várias geografias", disse o CEO aos analistas, garantindo que "será difícil ver um recuo total no Inflation Reduction Act (IRA)".

Quanto ao IRA, diz que "há regras ainda a serem clarificadas, neste mecanismo de apoio, sobretudo no hidrogénio verde, mas os projetos que temos aprovados e com PPA não vemos riscos. Os EUA nunca serão contra renováveis, que cresceram muito nos anteriores anos de Trump, e até antes. As big tech estão a pressionar para terem acesso a energia renovável em abundância e o nuclear não vai resolver o problema a curto prazo. A escolha é entre as renováveis e o gás, por isso acredito que o solar e o eólico vão continuar a crescer nos EUA", disse Stilwell. 


Neste momento, de acordo como CEO, a EDP está a trabalhar no seu novo plano estratégico, para o qual será determinante o resultado das eleições. "Vamos estar a trabalhar nisso nos próximos meses. A data de apresentação ainda está por decidir, mas será seguramente em 2025. Precisamos de tempo para ver o que acontece nos EUA. É melhor do que fazê-lo num ambiente de incerteza", explicou.  

O responsável lembrou que a EDP é um investidor a longo prazo, de acordo com o cenário macroeconómico, no qual a procura de energia limpa continua a crescer.  

"Estamos nos EUA há muitos anos, desde 2007. Temos um longo historial no país e resistimos a vários ciclos económicos e políticos. Os EUA representam aproximadamente 50% da nossa carteira atual em termos de megawatts e a capacidade instalada no país tem crescido de ano para ano, com um aumento de cerca de 20% nos últimos 12 meses", disse, acrescentando que a produção de energia e as receitas na região também estão em expansão, registando um aumento de 15% desde os primeiros nove meses de 2023.

"Já instalámos cerca de 1 GW nos primeiros nove meses do ano e estamos muito confiantes em atingir cerca de 2 gigawatts até ao final do ano, com mais de 1 GW de capacidade já assegurada para 2025", anunciou.

A propósito do novo ciclo político que agora começa, lembrou que o setor das energias renováveis nos EUA registou um forte crescimento durante a primeira presidência de Trump. "Os principais investimentos em energia limpa estão localizados em estados republicanos e contribuem significativamente para o emprego, crescimento económico, impostos e comunidades locais. Por isso, acreditamos que os benefícios que estes estados obtiveram ao abrigo do IRA tornam improvável que esta legislação sofra cortes substanciais", afirmou Stilwell, que prevê "um crescimento significativo da procura de eletricidade nos EUA nos próximos anos" à boleia de centros de dados, criptomoedas e indústria. 

O responsável salientou ainda que para 2025 tem assegurado o abastecimento de painéis solares  montados nos estados da Geórgia e o Ohio. Já para 2026 a 2028, há um acordo com a First Solar para painéis solares fabricados fabricados no Louisiana e Alabama. A EDP está também a comprar baterias da Tesla fabricadas nos EUA.

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