"Existem as folhas que vemos, são nossas contemporâneas. Cintilam verde e prata, simulam uma chuva de brilho. Como nós, também estas folhas estão convencidas de que este momento é para sempre. E não se enganam, este momento é para sempre. No entanto, depois deste, virá outro para sempre, e outro, e outro".
As palavras de José Luís Peixoto, inscritas na aldeia de Mouriscas, junto à mais antiga oliveira de Portugal, com 3.500 anos, recordam-nos que, ao contrário de "uma árvore de séculos", pouco ou nada percebemos sobre o tempo. Que o diga Rui Alcobio, que, a poucos quilómetros dali, se viu forçado a abandonar a Central do Pego, após três longas décadas de dedicação à empresa: "Nunca pensámos que o encerramento fosse avante", recorda o "pegacho" que vai a caminho dos 56 anos. "Nós e Sines éramos as bases de energia para o país". Só que o carvão acabou mesmo, faz agora dois anos.