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Preço da electricidade no mercado dispara para máximos de três anos

A electricidade grossista atingiu um máximo desde Fevereiro de 2014. O aumento do consumo devido ao frio registado é uma das razões para a subida, mas há mais. Os consumidores não são penalizados.

Bloomberg
20 de Janeiro de 2017 às 17:23
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O preço da electricidade no mercado grossista atingiu o valor mais elevado no espaço de três anos: 98,69 euros por megawatt hora. O anterior máximo tinha sido atingido em Fevereiro de 2014: 110 euros por megawatt hora.

Os dados dos preços a que os produtores de electricidade vendem a energia aos comercializadores são do Operador do Mercado Ibérico de Energia (OMIE), onde são transaccionados diariamente os contratos de compra e venda de electricidade para Portugal e Espanha, e foram recolhidos esta sexta-feira, 20 de Janeiro.

É de referir que estes são preços máximos alcançados a dado momento do dia, pois os preços médios para estes dias atingem valores mais baixos: 87,17 euros por megawatt hora registados a 20 de Janeiro, e 33,21 euros por megawatt hora a 17 de Fevereiro de 2014.

Porque é que o preço da energia está a subir?

O aumento do consumo de energia por causa do frio, devido ao maior uso de aquecedores e ar condicionado, por exemplo, é uma das razões. Até ao dia 19 de Janeiro, o consumo de electricidade cresceu 5,6% para 2.851 gigawatts hora face ao ano anterior, segundo dados da REN.

Mas o consumo não explica o aumento dos preços na Península Ibérica. Parte desta subida deve-se ao crescimento da procura em França. É que das 58 centrais nucleares francesas, cerca de 20 estão paradas para manutenção ou inspecção. O que obriga França a comprar electricidade aos países vizinhos.

A Península Ibérica é uma boa solução para os franceses comprarem energia, pois é mais barata face aos outros mercados. Mas as interligações eléctricas sobre os Pirenéus são ainda insuficientes para abastecer a maioria da procura em França.

A subida dos preços também se deve à situação de seca em Portugal, ou seja, com menos chuva as barragens produzem menos. O consumo em Portugal a partir da energia hídrica recuou 81% este mês face ao ano anterior.

No final de Dezembro, Portugal estava em situação de seca fraca, com cerca de 78% do território na classe de seca, segundo o Instituto Português do Mar e do Atmosfera (IPMA).

O aumento dos preços no mercado grossista também pode ser explicado pela subida dos preços do carvão e do gás natural nos mercados internacionais. Com o Hemisfério Norte no pico do Inverno, a procura por estes combustíveis fósseis tem aumentado, elevando o seu preço.

Foi o que aconteceu em Portugal. Ao contrário das restantes fontes, o consumo de electricidade a partir de energia térmica, carvão e gás natural, registou um crescimento de 10,7% em Janeiro.

"Quando há um aumento de produção, as centrais que entram são as mais caras, o que faz subir o preço", explica ao Negócios o presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). 

As centrais que vão ao mercado são as hídricas e térmicas. Já a energia renovável, principalmente eólica, não é negociada no mercado pois é remunerada a um preço fixo, através das tarifas bonificadas.

Mas há outros factores que estão a pesar nesta subida, como o aumento da procura em França. É que das 58 centrais nucleares francesas, 18 estão paradas para manutenção ou inspecção. O que obriga França a comprar electricidade aos países vizinhos.

A Península Ibérica é uma boa solução para os franceses comprarem energia, pois é mais barata face aos outros mercados. Mas as interligações eléctricas sobre os Pirenéus são ainda insuficientes para abastecer a maioria da procura em França.

Mas os consumidores vão ser afectados com este aumento? O presidente da APREN rejeita essa hipótese. "Quando se faz o contrato com a empresa comercializadora, ele faz uma projecção de custos de quanto a energia vai custar no mercado. O contrato prevê então que seja pago um valor X por kilowatt hora. Eu limito-me a pagar o valor, não sei o que se passa no mercado".

Quando os preços no mercado grossista baixam muito, a margem de lucro do comercializador aumenta. Se os preços aumentarem muito, o o comercializador ganha menos.

"O risco está do lado do comercializador. As empresas não jogam no dia-a-dia. Fazem as contas no final do ano, quando vêem as tendências para o ano a seguir", explica Sá da Costa.

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