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Moreira da Silva classifica acordo como "um embaraço"

O antigo ministro do Ambiente e Energia do PSD critica duramente o acordo alcançado esta quinta-feira entre Portugal, Espanha e França, apelidando-o de "embaraço".

Sérgio Lemos
20 de Outubro de 2022 às 19:47
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O antigo ministro do Ambiente e Energia do PSD Jorge Moreira da Silva classificou como "um embaraço" o acordo esta quinta-feira alcançado entre os governos de Portugal, França e Espanha para acelerar as interconexões, criticando a parte relativa à eletricidade.

"Como não há memória apresenta-se como vitória histórica aquilo que é um embaraço", escreveu na rede social Twitter o ex-candidato à liderança do PSD em maio deste ano, e que desempenhou o cargo de ministro de Ambiente, Ordenamento do Território e Energia de Portugal entre julho de 2013 e novembro de 2015 nos executivos PSD/CDS-PP liderados por Pedro Passos Coelho.



Moreira da Silva apelou à comparação do comunicado conjunto hoje divulgado com "os acordos de 2014 e 2015", nas áreas do gás e da eletricidade.

"No gás, a decisão de hoje, sendo positiva, limitou-se a trocar o projeto MidCat pelo projeto BarMar. Com esta troca não só vamos ter de começar do zero (perdendo tempo), como existe uma total omissão quanto ao seu modelo de financiamento (o MidCat pressupunha o financiamento da União Europeia)", realça.

Por outro lado, o professor universitário, que já desempenhou vários cargos de direção em organizações internacionais na área da energia e do ambiente, diz ter ficado espantado com o que hoje foi anunciado ao nível das interligações elétricas.

"Deixaram cair duas das três interligações que estavam previstas entre Espanha e França. Manteve-se Golfo da Biscaia e desapareceu o compromisso de construção das duas interligações nos Pirenéus", salienta.

O antigo dirigente social-democrata refere que, com o atual compromisso, "Espanha e França deixaram de ter de construir as duas interligações elétricas nos Pirinéus, ficando os consumidores portugueses impedidos de aceder aos benefícios do mercado europeu e os consumidores europeus impedidos de beneficiar da eletricidade renovável de Portugal".

Hoje, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu que o acordo entre Portugal, Espanha e França sobre interconexões ibéricas permite "ultrapassar um bloqueio histórico" relativamente às interconexões ibéricas para gás e eletricidade, sendo "uma boa notícia" em altura de crise energética.

Falando à chegada ao Conselho Europeu, em Bruxelas, e no final da uma reunião esta manhã com o chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro português destacou que foi possível "ultrapassar um bloqueio histórico em torno do tema das interconexões da Península Ibérica com o conjunto da Europa".

"Hoje chegámos a um acordo para ultrapassar definitivamente o antigo projeto, o chamado MidCat, e desenvolver um novo projeto, que designámos de Corredor de Energia Verde, que permitirá complementar as interconexões entre Portugal e Espanha, entre Celorico da Beira e Zamora, e também fazer uma ligação entre Espanha e o resto da Europa, ligando Barcelona e Marselha, por via marítima", precisou o primeiro-ministro.

Os líderes de Portugal, Espanha e França decidiram avançar com um "Corredor de Energia Verde" para as interligações energéticas entre os países, apostando numa ligação por mar entre Barcelona e Marselha (BarMar) em detrimento de uma travessia pelos Pirenéus.

O calendário, as fontes de financiamento e os custos relativos à execução do corredor verde BarMar serão debatidos num novo encontro a três em dezembro, no decurso da Cimeira de Alicante.
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