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Mexia alerta que “há muitos obstáculos” na OPA sobre a EDP

O presidente da EDP garante que a oferta sobre a elétrica está a decorrer. Mas alerta que há “muitos obstáculos” e é preciso clarificar algumas questões regulatórias.

O processo de investigação nasceu com base em denúncias que já vinham de 2012, mas só em 2017 se verificou a constituição de arguidos. António Mexia, presidente da EDP, Manuel Pinho, ex-ministro da economia, e João Manso Neto, administrador da eléctrica e presidente da EDP Renováveis, estão entre os nove arguidos já conhecidos.  Em causa, segundo o Departamento Central de Investigação e Acção Penal de Lisboa, estão factos susceptíveis de integrarem os crimes de corrupção activa, corrupção passiva e participação económica em negócio. A investigação abrange o período que vai de 2004 a 2014 e as suspeitas incidem sobre o momento em que se passou dos chamados contratos de aquisição de energia das centrais eléctricas da EDP, os CAE (contratos de aquisição de energia), para o regime de mercado, com os Custos para Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), que asseguram uma remuneração garantida aos produtores, independentemente dos preços do mercado e das quantidades vendidas e que levaram à denúncia da existência de rendas excessivas no sector eléctrico, as quais são depois reflectidas nos preços aos consumidores domésticos, que estão entre os mais altos entre os países europeus. António Mexia, apesar de ser arguido, foi recentemente reconduzido para mais um mandato à frente da EDP.
Hugo Correia
25 de Janeiro de 2019 às 09:08
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António Mexia, presidente executivo da EDP, revelou que ainda "há muitos obstáculos" no caminho que a oferta pública de aquisição (OPA) da China Three Gorges tem de percorrer.

Em declarações à CNBC, à margem do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, o gestor alertou que é preciso clarificar alguns aspetos regulatórios. No entanto, garantiu que o processo está a decorrer "normalmente" e que a gestão da empresa está a fazer os possíveis para ajudar no processo.

A OPA foi lançada há cerca de sete meses e precisa de ser aprovada por 18 entidades em 8 países. Desde então, só teve luz verde pelo regulador da concorrência brasileiro (CADE). Mas mercado brasileiro, além desta entidade, também precisa do aval da Agência Nacional de Energia Eléctrica brasileira.

A oferta à EDP e à EDP Renováveis lançada a 11 de Maio de 2018 pela CTG -precisa também de passar no crivo da Comissão Europeia – em que um dos pontos em análise é o cumprimento de regras do setor elétrico com a separação entre as atividades de comercialização e transporte – e das autoridades norte-americanas, geografia em relação à qual o embaixador dos EUA em Portugal já disse que estaria fora da oferta.

Como o Negócios noticiou, já houve contactos no sentido de uma pré-notificação do negócio em Bruxelas. A Comissão Europeia terá uma palavra muito importante a dizer sobre a oferta. Será a Direção-Geral da Concorrência, liderada por Margrethe Vestager, a analisar se o aumento do controlo da EDP por parte da CTG, que detém 23,27% da elétrica, levanta ou não entraves concorrenciais a nível europeu, uma vez que a EDP está presente em vários mercados. Bruxelas tem de avaliar, também, se a operação cumpre as regras do setor de eletricidade.

Uma das questões que têm levantado dúvidas está relacionada, precisamente, com o facto de o negócio poder não estar em linha com as regras europeias que determinaram o "unbundling". Isto é, a obrigação de separar as atividades de produção e comercialização de eletricidade com a de transporte. Esta última atividade é assegurada em Portugal pela REN que tem como acionista a State Grid (25%), que, tal como a CTG, também é detida pelo Estado chinês. E segundo as diretivas comunitárias o acionista de um produtor de eletricidade não pode ser acionista de um operador de rede.

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