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Costa "perplexo" com críticas em relação ao acordo para o gasoduto

No domingo, o PSD requereu um debate parlamentar de urgência sobre o acordo de interconexões ibéricas de energia.

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24 de Outubro de 2022 às 11:44
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O primeiro-ministro, António Costa, revelou-se esta segunda-feira "perplexo" com as criticas do PSD face ao acordo de interconexões ibéricas de energia. Em declarações aos jornalistas ao final desta manhã no ISCTE, à margem do Fórum para as Competências Digitais, lembrou que o gasoduto é "claramente vantajoso" para Portugal e frisou ainda que as interconexões elétricas "não foram abandonadas".

No domingo, o PSD requereu um debate parlamentar de urgência sobre o acordo de interconexões ibéricas de energia, para a próxima quinta-feira, o último dia de discussão e votação do Orçamento do Estado na Assembleia, tal como anunciou o vice-presidente social-democrata Paulo Rangel.

Esta segunda-feira, questionado pelos jornalistas sobre as "críticas" da oposição ao gasoduto, o primeiro-ministro disse estar "absolutamente perplexo" com o que ouviu no fim-de-semana. E deu exemplos, como o ter ouvido dizer que as interconexões elétricas foram abandonadas, esclarecendo: "As interconexões elétricas não foram abandonadas. Pelo contrário, França até tem vontade de as incrementar e já o ano passado, entre a França e a Espanha tinha sido assinado o acordo para fazer avançar as duas interconexões elétricas".

Segundo o governante, o que estava a bloquear as interconexões estava relacionado com o gasoduto, tendo-se desbloqueado "um acordo político entre os três países para que se estabeleça essa interconexão". Para Costa, o gasoduto ibérico só foi possível graças ao novo traçado que contorna os Pirenéus e à aposta nas novas energias, disse, frisando que o corredor verde vai ser, sobretudo, direcionado "para o transporte de hidrogénio e outros gases renováveis" mas "transitoriamente também para o gás natural", o que é "claramente vantajoso" para o nosso país.

Sobre prazos, acrescentou: "não se tem a ideia de fazer um gasoduto e o gasoduto está pronto no dia seguinte", reiterando ainda que esta interconexão "não é para responder de imediato à crise energética que estamos a tratar"; mas mais para responder de modo estratégico no futuro.

Na passada quinta-feira, e tal como o Negócios noticiou, Portugal e Espanha conseguiram chegar a acordo com França para a construção de um gasoduto para o transporte de hidrogénio verde. A infraestrutura poderá, no entanto, ser usada de forma transitória para o gás natural, disse António Costa nesta quinta-feira em Bruxelas.

O projeto que previa a construção de um gasoduto nos Pirenéus caiu e dá lugar a uma nova ligação. "Chegámos a um acordo para ultrapassar definitivamente o antigo projeto Midcat e construir um novo projeto que designámos de Corredor de Energia Verde", revelou na altura o chefe de governo depois da reunião com o homólogo espanhol e o presidente francês. 

Esta ligação, sublinhou, "permitirá completar a interconexão entre Portugal e Espanha, entre Celorico da Beira e Zamora, e entre Espanha e o resto da Europa, ligando Barcelona a Marselha por via marítima". 

A ligação entre Portugal e Espanha e deste país para França será "vocacionado para o hidrogénio verde e transitoriamente poderá ser utilizado para o gás natural até uma certa proporção", afirmou. 

A solução Pirenéus, que colocava dificuldades ambientais e enfrentava a oposição de Paris, não vai para a frente: "Encontrámos uma alternativa por via marítima", disse Costa.

Para além do gasoduto entre Portugal e Espanha e da ligação marítima entre Espanha e França, serão também reforçadas as interconexões elétricas.

"Está ultrapassado um dos bloqueios mais antigos da Europa", enfatizou o primeiro-ministro, considerando que este "é um bom contributo que Portugal Espanha e França dão para o conjunto da Europa", que mostra "como é possível, ultrapassando bloqueios, ajudar ao espírito de solidariedade comum".

O resultado chegou depois de "muito trabalho feito ao longo de quase um ano, do ponto de vista técnico e político", disse.

Costa, Sanchez e Macron voltam a reunir em dezembro, em Alicante (Espanha). O intervalo dará tempo "para que sejam acertados os pormenores técnicos e também para acertarmos com a Comissão o financiamento desta nova ligação", afirmou.
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