Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Carlos Zorrinho: Garantia de potência e tarifa social foram "criadas em pacote"  

O antigo secretário de Estado da Energia defende que os custos gerados pela garantia de potência são contrabalançados pelas tarifas sociais, tendo sido negociadas em simultâneo. E diz que a existência desta garantia foi exigência de Espanha.

Tiago Petinga/Lusa
09 de Janeiro de 2019 às 21:23
  • ...

Carlos Zorrinho, antigo secretário de Estado da Energia e da Inovação, afirma que a negociação para a criação da tarifa social da energia foi negociada a par da garantia de potência, uma componente que encarece a fatura da luz - e que só existe de forma a permitir o acordo para um mercado ibérico de energia.

"Nós conseguimos que em simultâneo (com a garantia de potência) as operadoras se tivessem comprometido com a tarifa social. Foram criadas em pacote, em complemento", afirmou o responsável pela pasta da Energia do governo socialista entre 2009 e 2011, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas aos Produtores de Eletricidade, esta quarta-feira, 9 de janeiro, no Parlamento.

A negociação do mercado ibérico de energia, o MIBEL, foi outro dos argumentos para as opções tomadas. "Se Espanha aceitasse o MIBEL sem garantia de potência ela não tinha sido fixada. Mas não há mercado único com regras diferentes", defendeu.

A Comissão de inquérito tem como objetivo apurar se os contratos assinados na transição entre o mercado regulado e o mercado liberalizado prejudicaram ou não os consumidores. Para o antigo governante, a tarifa social surge "precisamente para combater a pobreza energética" que reconhece ser uma realidade, e diz que só não chegou a mais consumidores na altura porque ficou "à espera do cruzamento de dados" com a segurança social. Esta medida permitiu recentemente alargar o universo de beneficiários dos 180 mil para os 800 mil.

Outro dos fatores que pesa na fatura aos consumidores, cujas motivações foram discutidas, foi a ininterruptibilidade do fornecimento de energia. O deputado do Bloco de Esquerda, Jorge Costa, trouxe ao debate o dado de que esta componente custou 640 milhões de euros aos consumidores nos últimos seis anos, entre 2011 e 2017. Os custos duplicaram para 60 milhões de euros logo após as negociações, para depois estabilizar até ao patamar dos 100 milhões no qual se encontra de momento. 

Face à insistência dos deputados, Zorrinho assumiu que a inclusão deste fator constitui uma "política industrial e comercial" e não energética, que olha sobretudo à competitividade destas empresas. As queixas "diárias" da parte de empresas que se diziam impossibilitadas de trabalhar dados os frequentes micro-cortes no sistema justificaram a clausula de ininterruptibilidade. "Aproveitámos e conseguimos resolver em larga medida este problema", disse.

(Notícia atualizada às 07:33 do dia 11 de janeiro com a correção de que o custo de 640 milhões de euros ao longo de seis anos é referente à componente de interruptibilidade e não à garantia de potência)

Ver comentários
Saber mais Carlos Zorrinho secretário de Estado da Energia Inovação Comissão Parlamentar de Inquérito ao Pagamento de Rendas Excessivas Parlamento Energia Produtores de Eletricidade MIBEL Espanha
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio