"O que o país não tem, a CUF cria." Era este o lema da empresa de Alfredo da Silva na década de 30 do século passado. Quase 100 anos depois, o grupo industrial que hoje se chama Bondalti pretende construir no complexo químico de Estarreja uma nova fábrica para produzir hidrogénio verde, já chamado de energia do futuro.
Assegurado que está o estatuto de Projeto Importante de Interesse Europeu Comum (em inglês, IPCEI) atribuído pela Comissão Europeia, e integrada nas agendas mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a futura unidade – que vai nascer no terreno ao lado do que é hoje o coração da fábrica da Bondalti – tem a ambição de produzir, na primeira fase, 5,5 quilotoneladas/ano de hidrogénio verde.
A empresa do grupo José de Mello é um dos principais produtores de hidrogénio cinzento, obtido através da eletrólise de salmoura (solução de água saturada de sal), mas também um dos maiores consumidores para a produção de anilina, a base para fabricar mil e um produtos como poliuretanos para isolamento térmico, que é a matéria-prima para a produção de MDI feita na vizinha Dow Chemical. "Precisamos de hidrogénio sete dias por semana", sublinha Luís Delgado, administrador-delegado da Bondalti, que consome todo o hidrogénio produzido para fazer anilina, e que, ainda assim, não é suficiente, tendo de o comprar à outra vizinha Air Liquide.