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Associação de Gás Natural reage com "estranheza" à taxa de carbono
O secretário-geral da AGN, António Pires, lembra que já há "demasiada" carga fiscal no consumo de gás natural, pelo que tem dúvidas sobre os benefícios da proposta da Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde.
A AGN - Associação Portuguesa das Empresas de Gás Natural diz que foi "com estranheza" que recebeu o anteprojecto para a reforma da fiscalidade verde, no capítulo onde se propõe a introdução de uma taxa de carbono nos combustíveis, que variará de acordo com a cotação das licenças de emissão de CO2.
"Ainda não tivemos oportunidade de analisar em detalhe essa proposta, mas à partida consideramos que a fiscalidade que incide sobre o gás natural já é demasiada", comentou o secretário-geral da AGN, António Pires, em declarações ao Negócios.
O porta-voz das empresas de gás natural que actuam em Portugal lembra que este combustível já sofreu um aumento do IVA, bem como uma subida do ISP - Imposto sobre os produtos petrolíferos.
No seu anteprojecto a Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde propõe que o ISP seja acompanhado de uma taxa de carbono, que no caso do gás natural para clientes domésticos poderá implicar agravamentos dos preços finais entre 1,4% e 8,4%, consoante sejam consideradas cotações de CO2 de 5 ou de 30 euros por tonelada.
Para a AGN, esta proposta está longe de garantir mudanças ambientalmente positivas na economia portuguesa. "Esta ideia não ajuda à conversão industrial [para o gás] nem ao desenvolvimento dos transportes a gás natural, que seria muito positiva a nível de CO2", aponta António Pires.
O secretário-geral da AGN concede, todavia, que a taxa do CO2 "seria uma boa alternativa se fosse acompanhada por uma redução de outros impostos [associados ao consumo de gás natural]".
O Negócios tentou ainda ouvir a Apetro - Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas a propósito do anteprojecto da fiscalidade verde, mas a entidade remeteu para mais tarde a apresentação da sua posição sobre o documento.