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Portugal no pódio mundial dos vales de hidrogénio

O termo “hydrogen valley” foi criado por Bruxelas para projetos que incluem toda a cadeia de valor do hidrogénio verde. Portugal tem hoje dois vales de hidrogénio em Sines e outros três no resto do país. Só Alemanha (16) e França (sete) superam este número.
Bárbara Silva 24 de Maio de 2023 às 17:54

Em Portugal, o conceito de “vales de hidrogénio” estreou-se há dois anos, em abril de 2021, quando o então secretário de Estado da Energia, João Galamba, anunciou a criação de dois “ clusters” industriais no país para a produção, distribuição, exportação e uso de hidrogénio verde . Um deles localizado junto ao Porto de Sines (e naquela altura já com vários projetos identificados) e o outro no norte de Portugal. “Existem já muitos destes vales na Europa” e Portugal não quer ficar fora da corrida para instalar “ecossistemas integrados que permitem o desenvolvimento da cadeia de valor do hidrogénio”, dizia Galamba.

Hoje, na plataforma europeia que agrega e mapeia mais de 80 vales de hidrogénio no mundo (60 na Europa, nove na América do Norte e América Latina, nove na Ásia-Pacífico e três no Médio Oriente e África), Portugal surge com cinco zonas privilegiadas para o desenvolvimento de projetos de produção, distribuição e consumo deste gás renovável – duas em Sines, uma no distrito de Leiria (Nazaré, Marinha Grande, Leiria e Alcobaça), uma em Vila Franca de Xira e outra em Oliveira do Bairro.

Os dados desta plataforma conjunta da Parceria para o Hidrogénio Verde e da Missão Inovação da UE, totalmente renovada em maio de 2023, mostram ainda que a nível mundial o país divide o terceiro lugar do pódio de países com maior número de vales de hidrogénio a nível mundial com Espanha e a Noruega. Em primeiro lugar, surge a maior economia da Zona Euro, a Alemanha, com 16 vales, e em segundo lugar a França, com sete.

Com um investimento planeado global de 90 mil milhões de euros, estes 80 vales de hidrogénio no mundo dizem respeito a uma produção futura de 8,5 milhões de toneladas, com um custo médio de seis euros por cada kg de hidrogénio. No entanto, cerca de três quartos dos projetos em desenvolvimento ainda não chegaram sequer a uma fase final de investimento. Apenas 13% estão já em construção e 6% a operar no terreno, mostram os dados mais recentes da plataforma. Na Europa, apenas um projeto começou a produzir em 2022, estando mais cinco previstos para 2023, quatro para 2024 e 13 para 2025. Os maiores entraves continuam a passar pelo financiamento e pela demora nos processos de licenciamento.

O mega-vale de Sines

Em território nacional, o maior vale de hidrogénio atualmente fica situado em Sines, na Zona Industrial e Logística (ZILS), sob gestão da Aicep Global Parques. É ali que se desenha o futuro do Sines Hydrogen Valley, com um pipeline de investimentos (em curso, confirmados e potenciais) de 22 mil milhões de euros até 2035, o equivalente a 10% do PIB.

“Fruto da prioridade dada pelo Governo à Estratégia Nacional para o Hidrogénio e ao Sines Hydrogen Valley, a Aicep Global Parques tem vindo a aumentar a sua taxa de ocupação na ZILS, graças à atração de grandes investimentos estratégicos para Portugal”, disse ao Negócios Filipe Costa, CEO da Aicep . Prova disso, no final do ano passado o Governo mobilizou 4.800 hectares adicionais para instalar novos projetos industriais e energéticos em Sines. Filipe Costa fala mesmo num reforço dos investimentos na ordem dos 4.000 milhões de euros, liderados por empresas já presentes na ZILS, como EDP, Galp e REN.

Somam-se mais 10,6 mil milhões de euros em investimentos já em curso e potenciais por parte dos operadores que estão a chegar em força ao Sines Hydrogen Valley com projetos de produção de hidrogénio e amoníaco verde para exportação, tais como a Madoqua Renewables, a Fusion Fuel, a NeoGreen, a Smartenergy, entre muitas outras.

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