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Unicer fora da corrida à Centralcer

«A Unicer não deverá conseguir levar avante a sua intenção de adquirir a Centralcer». Esta é a opinião da maior parte dos analistas deste sector, que apontam como obstáculo a esta operação a lei da concorrência, que impede os monopólios em Portugal.

30 de Novembro de 1999 às 20:18
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«A Unicer não deverá conseguir levar avante a sua intenção de adquirir a Centralcer». Esta é a opinião da maior parte dos analistas deste sector, que apontam como obstáculo a esta operação a lei da concorrência, que impede os monopólios em Portugal.

Se a Unicer tomasse o controlo da Centralcer, uma única empresa passaria a deter uma quota de mercado próxima dos 100% sobre o mercado de cerveja nacional, o que vai contra a lei da concorrência portuguesa, no que respeita aos monopólios. Segundo uma fonte conhecedora do processo, a administração da Unicer solicitou ao Ministério da Economia uma parecer sobre a intenção da Carlsberg aumentar a sua participação na Unicer, que neste momento é de cerca de 35% e de adquirir a totalidade do capital da Centralcer, 93% do qual se encontra sob o controlo dos colombianos do Grupo Santo Domingo. De acordo com a mesma fonte, a resposta do executivo foi positiva, informação confirmada por alguns analistas, que tendo solicitado informações à Unicer, obtiveram a mesma resposta. No entanto, apesar deste aparente aval do Governo, tanto os analistas como algumas fontes conhecedoras do processo não acreditam que a Unicer possa vir a comprar a Centralcer, pois daria lugar a uma situação incontornável à luz da lei da concorrência.

Mesmo assim, ainda existem alguns analistas que avançam como hipótese a venda de alguns dos activos das duas cervejeiras, nomeadamente, o negócio das águas e dos sumos, assim como as marcas de cerveja de segunda linha. Mas o problema mantém-se, uma vez que a Super Bock e a Sagres, os dois «cavalos de batalha» de ambas as cervejeiras, juntas detém uma quota de mercado superior a 90% do mercado.

Uma coisa é certa. Se por um lado o Grupo Santo Domingo sairia beneficiado com a venda da Centralcer à Unicer, também a Unicer é o candidato à aquisição da Centralcer que mais poderá beneficiar com esta operação. A redução dos custos de distribuição aparece como o principal beneficio da junção das duas cervejeiras, o que posiciona logo a Unicer como o candidato mais interessado e que poderia ganhar com a aquisição da Centralcer. Sendo assim, também seria aquele que estaria disposto a pagar mais ao Grupo Santo Domingo. De acordo com o último «research» do Banco Santander Central Hispano (BSCH), neste momento podem-se fazer duas avaliações distintas às Centralcer: uma para a Unicer e outra para os restantes interessados na sua aquisição. Segundo os analistas do BSCH, «a questão neste momento é quanto é que cada um dos interessados na Centralcer estará disposto a pagar por esta empresa». Como as sinergias potenciais levam a um aumento inevitável do preço, principalmente para um «player» que já esteja estabelecido no mercado, os analistas do BSCH estimam que «para a Unicer a Centralcer possa valer 461,5 milhões de euros (92,5 milhões de contos), ou seja, 42,6 euros (8.541 escudos) por acção». Analisando a Centralcer isoladamente, os mesmos analistas avançam com uma avaliação de 441 milhões de euros (88,4 milhões de contos), equivalente a 34,5 euros (6.917 escudos) por acção. No entanto, esta avaliação não reúne o consenso dos analistas. A Mello Valores, também numa recente avaliação à Centralcer, aponta um «price target» para esta cervejeira de 20 euros (4.010 escudos).

Mas mesmo que a Unicer não consiga adquirir a Centralcer, o que não falta são candidatos interessados nesta empresa. Segundo uma fonte conhecedora do processo, neste momento existem mais três interessados, a Nutrinveste, do Grupo José de Mello, a Kronenbourg, do Grupo Danone, e a Parfil-BES. Andrés Obregon, presidente da Bavaria, empresa do Grupo Santo Domingo, que controla a Centralcer, afirmou hoje a uma rádio Colombiana que «apesar de não estarmos activamente à procura de comprador para a Centralcer, se surgir uma boa oportunidade, não diremos que não». A questão agora parece ser apenas uma questão de preço, uma vez que estes três candidatos não estão na disposição de pagar o mesmo que a Unicer. O valor em causa «deverá andar à volta dos 35 euros (7.017 escudos)», avançou a mesma fonte conhecedora do processo, um valor bastante abaixo da cotação actual das acções da Centralcer. Certo é que este é um processo que já corre há bastante tempo, devendo o seu final já estar próximo. De acordo com a mesma fonte «até ao final da próxima semana já se saberá quem é que fica com a Centralcer».

Os rumores no mercado sobre a venda da Centralcer começaram há uns meses, levando as acções da cervejeira a atingirem uma valorização desde o início do ano de cerca de 300%. Se em Março deste ano as acções da Centralcer transaccionaram no mínimo das últimas 52 semanas, ao negociarem nos 9,7 euros (1.945 escudos), ontem, registaram o seu máximo histórico, ao testarem durante a sessão os 44,75 euros (8.972 escudos). Hoje já verificaram alguma correcção, fechando nos 42 euros (8.420 escudos), com uma quebra de 2,33% face ao fecho de ontem.

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