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Startup que transforma leite em t-shirts procura apoio chinês

A inspiração de Luo não veio do desperdício de roupas, mas de comida.

13 de Junho de 2020 às 19:00
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Uma startup sediada em Los Angeles que transforma leite não utilizado em roupas sustentáveis está em negociações com grandes laticínios na China para formação de parcerias estratégicas, informou o presidente e fundador da empresa.

 

Robert Luo, da Mi Terro, disse que está a negociar investimentos com companhias de laticínios que dominam o mercado chinês, onde a startup obtém matéria-prima. Desde o lançamento da linha de t-shirts de tecido produzido a partir de leite excedente, em junho de 2019, a Mi Terro gerou mais de 100 mil dólares em receitas com vendas online para clientes em mais de 40 países, afirmou Luo em entrevista.

 

A Mi Terro é uma entre muitas pequenas marcas de vestuário que respondem ao crescente desejo dos consumidores de comprar a empresas que operam de maneira sustentável, num setor conhecido por desperdício e produção excessiva. Empresas de pequeno e médio porte representam aproximadamente metade da indústria da moda e estão bem posicionadas para inovar em sustentabilidade, segundo um estudo de 2019 coordenado pelo Centro para Moda Sustentável.

 

A inspiração de Luo não veio do desperdício de roupas, mas de comida. Durante uma visita à fazenda de gado leiteiro do seu tio na China, viu "baldes e baldes" de leite estragado e descartado sem uso. "Percebi um problema enorme sobre o qual não falamos o suficiente", disse ele.

 

Quando voltou para os EUA, uniu-se a um amigo de infância com formação em química e engenharia de materiais para encontrar uma forma de utilizar o que era descartado. Após três meses de pesquisa, começaram a elaborar uma solução capaz de extrair a caseína (um tipo de proteína) do leite e transformá-lo em fibra. As gorduras são removidas antes da desidratação para obter leite em pó. As proteínas são então isoladas e solidificadas na forma de fibras que são esticadas e transformadas em fios prontos para serem utilizados na confeção de roupas.

 

Muito além do vestuário

A Mi Terro pretende lançar-se na China em 18 de junho e no Japão nos próximos dois meses. A empresa assinou memorandos de interesse com grandes marcas de moda casual, mas precisa de apoio estratégico e financeiro para aumentar sua capacidade e acompanhar a procura, explicou Luo. Em 2019, a empresa lançou duas campanhas de financiamento coletivo na plataforma Kickstarter que atingiram rapidamente as suas metas. A aceleradora de startups Lair East Labs está entre as apoiantes. A Mi Terro está agora no processo de arrecadar 800.000 dólares em novos investimentos, segundo Luo, idealmente de parceiros estratégicos na China e outros países.

 

Os investimentos de capital de risco em projetos de vestuário e calçado saltaram de 43,5 milhões de dólares em 2007 para 560,6 milhões em 2017, de acordo com um relatório elaborado no ano passado pela McKinsey e pela publicação Business of Fashion.

 

A startup prepara-se para expandir a tecnologia de transformação de alimento desperdiçado além do ramo da moda. A companhia está a trabalhar numa nova tecnologia que ajude empresas de laticínios a transformar resíduo de soro de leite em filme biodegradável para embalagens de alimentos, informou Luo. O empreendedor espera que o seu modelo de negócio abandone gradualmente a venda direta a consumidores. A Mi Terro quer licenciar as suas tecnologias no futuro próximo e está a percorrer o processo de solicitação de patentes na China.

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