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Startup que transforma leite em t-shirts procura apoio chinês
A inspiração de Luo não veio do desperdício de roupas, mas de comida.
Uma startup sediada em Los Angeles que transforma leite não utilizado em roupas sustentáveis está em negociações com grandes laticínios na China para formação de parcerias estratégicas, informou o presidente e fundador da empresa.
Robert Luo, da Mi Terro, disse que está a negociar investimentos com companhias de laticínios que dominam o mercado chinês, onde a startup obtém matéria-prima. Desde o lançamento da linha de t-shirts de tecido produzido a partir de leite excedente, em junho de 2019, a Mi Terro gerou mais de 100 mil dólares em receitas com vendas online para clientes em mais de 40 países, afirmou Luo em entrevista.
A Mi Terro é uma entre muitas pequenas marcas de vestuário que respondem ao crescente desejo dos consumidores de comprar a empresas que operam de maneira sustentável, num setor conhecido por desperdício e produção excessiva. Empresas de pequeno e médio porte representam aproximadamente metade da indústria da moda e estão bem posicionadas para inovar em sustentabilidade, segundo um estudo de 2019 coordenado pelo Centro para Moda Sustentável.
A inspiração de Luo não veio do desperdício de roupas, mas de comida. Durante uma visita à fazenda de gado leiteiro do seu tio na China, viu "baldes e baldes" de leite estragado e descartado sem uso. "Percebi um problema enorme sobre o qual não falamos o suficiente", disse ele.
Quando voltou para os EUA, uniu-se a um amigo de infância com formação em química e engenharia de materiais para encontrar uma forma de utilizar o que era descartado. Após três meses de pesquisa, começaram a elaborar uma solução capaz de extrair a caseína (um tipo de proteína) do leite e transformá-lo em fibra. As gorduras são removidas antes da desidratação para obter leite em pó. As proteínas são então isoladas e solidificadas na forma de fibras que são esticadas e transformadas em fios prontos para serem utilizados na confeção de roupas.
Muito além do vestuário
A Mi Terro pretende lançar-se na China em 18 de junho e no Japão nos próximos dois meses. A empresa assinou memorandos de interesse com grandes marcas de moda casual, mas precisa de apoio estratégico e financeiro para aumentar sua capacidade e acompanhar a procura, explicou Luo. Em 2019, a empresa lançou duas campanhas de financiamento coletivo na plataforma Kickstarter que atingiram rapidamente as suas metas. A aceleradora de startups Lair East Labs está entre as apoiantes. A Mi Terro está agora no processo de arrecadar 800.000 dólares em novos investimentos, segundo Luo, idealmente de parceiros estratégicos na China e outros países.
Os investimentos de capital de risco em projetos de vestuário e calçado saltaram de 43,5 milhões de dólares em 2007 para 560,6 milhões em 2017, de acordo com um relatório elaborado no ano passado pela McKinsey e pela publicação Business of Fashion.
A startup prepara-se para expandir a tecnologia de transformação de alimento desperdiçado além do ramo da moda. A companhia está a trabalhar numa nova tecnologia que ajude empresas de laticínios a transformar resíduo de soro de leite em filme biodegradável para embalagens de alimentos, informou Luo. O empreendedor espera que o seu modelo de negócio abandone gradualmente a venda direta a consumidores. A Mi Terro quer licenciar as suas tecnologias no futuro próximo e está a percorrer o processo de solicitação de patentes na China.