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Sociedade de topo do GES declara insolvência
A Espírito Santo Control, "holding" de controlo do GES que agregava as posições accionistas da família Espírito Santo, não consegue assegurar pagamentos nem pedir crédito. Daí que tenha solicitado a insolvência. Foi aceite.
A Espírito Santo Control, sociedade através da qual os ramos da família Espírito Santo controlavam os activos do grupo, está insolvente, depois de o pedido ter sido aceite pelo Tribunal do Comércio do Luxemburgo, referiu a entidade judicial em comunicado enviado às redacções.
O aval judicial ao pedido da Espírito Santo Control foi pronunciado esta quarta-feira. É a primeira empresa com sede no Luxemburgo a solicitar a insolvência sem que antes tenha tentado avançar para uma protecção de credores através do regime de gestão controlada ("gestion contrôlée"). Espírito Santo Financial Group, Espírito Santo Financière (Esfil) e Espírito Santo International também estão, já, em insolvência, depois dessa rejeição.
O pedido foi feito – e aceite – porque a sociedade declarou ao tribunal do comércio que deixou de assegurar pagamentos e que o seu crédito está congelado, não obtendo mais empréstimos. O tribunal designou Karin Guillaume como juíza responsável pela insolvência e Alain Rukavina como curadora, ambas já responsáveis pelo dossiê da insolvência da ESI.
Era através da Espírito Santo Control que a família Espírito Santo controlava as restantes sociedades do grupo, já que eram aqui que se agregavam as participações accionistas dos seus membros.
Estavam aqui reunidos os cinco principais ramos da família com os seguintes líderes: Maria do Carmo Moniz Galvão (com 19,37% da "holding"); José Manuel Espírito Santo (18,53%); António Ricciardi (17,84%); Ricardo Salgado (17,05%); Pedro Mosqueira Amaral (15,57%), que abandonou a administração este ano. Pedro Queiroz Pereira era um dos aliados da família que tinha uma participação accionista nesta sociedade, antes da cisão do empresário com Salgado.
A Espírito Santo Control tinha 56,6% da Espírito Santo International, a sociedade que controlava totalmente a Rioforte, que detinha os activos não financeiros do grupo. Era também a partir desta cascata de participações que a família controlava o Banco Espírito Santo antes de o mesmo ser alvo de uma medida de resolução, a 3 de Agosto.
A Rioforte, que tem activos na área do turismo (Tivoli) ou imobiliário (ES Property), é a esperança do grupo em manter ainda alguma parte do universo Espírito Santo. A empresa viu ser rejeitado o pedido de entrada em gestão controlada, que permitiria uma venda ordenada de activos, mas acabou por contestar a decisão. Ainda se espera a resposta.
Foi na ESI que começou o descalabro do Grupo Espírito Santo. A 20 de Maio, o Banco Espírito Santo revelou, no prospecto do aumento de capital que queria realizar, que a auditoria do Banco de Portugal à ESI tinha identificado "irregularidades nas contas". Falava-se em "situação financeira grave". Também se falava, numa outra auditoria, em "irregularidades materialmente relevantes nas contas da ESI". Uma dessas irregularidades era dívida não contabilizada.
Do GES, várias "holdings" estão em insolvência. O ESFG, a Esfil, a ES Control e a ESI começam esse caminho no Luxemburgo, sendo que em Portugal o ESFG Portugal também está num processo idêntico. O Banque Privée está em processo de insolvência na Suíça. O mesmo acontece no Dubai com o ES Bankers. No Panamá,o ES Bank foi intervencionado pelo regulador.
(Notícia actualizada com mais informações às 15h30)