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Silva Rodrigues atira "swaps" para cima de Maria Luís Albuquerque

Antigo presidente da Carris garante que Governo actual - e anteriores - tinha todos os detalhes sobre derivados.

Bruno Simão/Negócios
04 de Setembro de 2013 às 22:50
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José Silva Rodrigues (na foto) foi ao Parlamento apontar baterias contra Maria Luís Albuquerque. Com críticas ao processo de negociação dos "swaps" das empresas públicas e com farpas ao facto de a ministra não ter sido demitida, o antigo presidente da Carris quis deixar bem claro que o Governo actual tinha todos os pormenores sobre os derivados financeiros.

"Toda a informação sobre estes ‘swaps’ foi, desde o primeiro momento, totalmente clara e do conhecimento público, designadamente, do accionista Estado, nunca tendo sido colocada à Carris qualquer questão, levantada qualquer reserva ou feita qualquer recomendação ou comentário para alterar a situação vigente", declarou o gestor na quarta-feira, na comissão parlamentar de inquérito à celebração de contratos de cobertura de risco por parte de empresas públicas.

Silva Rodrigues quis mesmo sublinhar que, em todo o período em que esteve na presidência da Carris (entre Fevereiro de 2003 e Junho de 2013), o Estado sempre aprovou as contas "sem qualquer reserva e elogiando recorrentemente a gestão da empresa". Nesse sentido, o antigo responsável da transportadora lisboeta deu o exemplo do voto de confiança no conselho de administração que foi dado pelo Estado na assembleia geral de 24 de Março deste ano.

 

Além disso, Silva Rodrigues, que estava à frente da Carris e do Metro de Lisboa, mencionou o facto de, em Abril, Sérgio Monteiro, secretário de Estado dos Transportes, ter assumido publicamente que o gestor viria a acumular estes cargos com a administração da Transtejo e da Soflusa. Contudo, em 6 de Junho, foi publicada a resolução do conselho de ministros que ditou a demissão de Silva Rodrigues (juntamente com as de Paulo Magina e de Vale Teixeira), por ter contratado "swaps" e, por isso, ter perdido a confiança do Governo.

Para Silva Rodrigues, a mudança de posição do Governo deveu-se apenas a uma decisão: a de "transformar os ‘swaps’ num processo político". Segundo argumenta, os derivados financeiros que foram por si subscritos tiveram como "único objectivo" o de proteger a empresa "do impacto de uma subida muito acentuada que se vinha verificando nas taxas de juro", sem terem qualquer estrutura especulativa.

 

Os "swaps" da empresa foram contratados entre Setembro de 2005 e Junho de 2007. Dos quatro produtos financeiros na carteira de dívida da Carris, dois foram considerados especulativos pelo relatório do IGCP.

Farpas à Refer

No Parlamento, José Silva Rodrigues respondeu com ironia quando foi questionado sobre qual a sua opinião acerca do facto de ter sido destituído do cargo por ter subscrito "swaps", mas de isso não ter acontecido com outras personalidades que também o fizeram, como Maria Luís Albuquerque.

 

"Houve uma coisa que percebemos todos. A Refer só tomou boas decisões", disse o antigo responsável da Carris, fazendo referência à gestora de infra-estruturas ferroviárias, já que a actual ministra das Finanças foi, aí, directora financeira entre 2001 e 2007.

 
Santander quer indemnização do IGCP 

O Santander Totta considera que o IGCP, instituto público responsável por conduzir o processo de negociação com a banca sobre os "swaps" das empresas públicas, está a prejudicar a sua reputação.

 

A existência de um erro num relatório feito pelo IGCP, que o próprio organismo admite existir (em cartas ao presidente do banco), é o motivo. O Santander interpôs, por isso, uma acção judicial no Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa para que o instituto que gere a dívida pública seja obrigado a corrigir o erro no relatório, de acordo com informação recebida na comissão parlamentar de inquérito, a que o Negócios teve acesso. O banco liderado por António Vieira Monteiro quer uma indemnização devido aos danos reputacionais, que defende ainda persistirem.

 

O Ministério das Finanças é igualmente visado na acção do Santander para obrigar à correcção do alegado erro do IGCP. 

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