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Sem despedimento colectivo "a viabilidade futura" da Groundforce fica em causa

O presidente da TAP diz que "não é possível" recuar no despedimento colectivo na Groundforce. Em entrevista ao Negócios explica porquê.

15 de Novembro de 2010 às 07:00
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Fernando Pinto considera que o despedimento colectivo de 336 trabalhadores da Groundforce. O presidente da TAP, em entrevista concedida por e-mail ao negócios, sustenta que só esta medida pode garantir a “viabilidade futura” da empresa de ‘handling”. Sobre o corte de custos de 15% nas transportadoras, exigidos pelo Ministério das Finanças, o responsável diz que “ainda não é ocasião para falar sobre esse tema”.

Enquanto presidente da TAP, da qual a Groundforce é uma participada, como é que avalia as críticas que têm sido feitas ao administrador delegado da empresa de ‘handling’ sobre a forma como o despedimento colectivo foi anunciado e o processo está a ser conduzido?

Convém, antes de mais, esclarecer que a Groundforce é uma empresa gerida de forma independente da TAP, e que, conforme estabelecido pela Autoridade da Concorrência há um ano atrás, esta está impossibilitada de tomar qualquer decisão estratégica quanto aquela empresa, razão pela qual a TAP só pode acompanhar o processo à distância.É lamentável tudo o que está a acontecer em Faro, mas conforme foi referido pela Administração da Groundforce, a Empresa tem tido prejuízos anuais superiores de 20 milhões de euros, dos quais quase metade são obtidos só em Faro, estando obrigada a viabilizar-se sob pena de não lhe ser renovada a licença em 2011, comprometendo os restantes 2.000 postos de trabalho.

Enquanto accionista da empresa, vê alguma hipótese da Groundforce retroceder na decisão de despedimento colectivo. Porquê?

Infelizmente, olhando para os números não parece possível. O Aeroporto de Escala tinha uma facturação inferior a 6 milhões de euros., tendo que carregar custos na faixa de 13.Além disso, ocorre em 2011 um processo de atribuição das licenças para operar nos sete anos seguintes, ao qual a Groundforce terá forçosamente que se apresentar, sendo-lhe indispensável apresentar um plano de reestruturação que comprove a sua viabilidade. Os prejuízos verificados nos últimos anos obrigam a um grande esforço, sob pena de se pôr em causa toda a empresa e os restantes dois mil trabalhadores.

Este despedimento colectivo inscreve-se, ou não, no pedido feito pelo Ministério das Finanças para a redução de 15% dos custos nas empresas de transportes?

Não. Como referi antes é mesmo a viabilidade futura da Groundforce que está em causa.

Tem conhecimento das intenções da administração da Groundforce de quer também flexibilizar o horário de trabalho nos restantes aeroportos? O que pensa desta medida?

A administração da Groundforce está obrigada a tomar todas as decisões que contribuam para a viabilização da Empresa.

O Sindicato do Handling tem criticado a TAP por subscrever um despedimento colectivo na Grounforce e, em paralelo, manter uma operação altamente deficitária, a da TAP Manutenção & Engenharia Brasil. Ou seja, em vez de cortar em Portugal, devia começar pelo Brasil. Como é que reage a esta análise?

Conforme tenho repetido a Manutenção e Engenharia do Brasil é um investimento estratégico, não só para a TAP, mas também para Portugal, num mercado e numa região das que mais crescem no Mundo. A difícil conjuntura da indústria não permitiu ainda os resultados desejados, mas todos os esforços estão a ser feitos para viabilizar a Empresa. Aproveito para esclarecer que houve no Brasil uma forte redução do número de trabalhadores e tem sido possível em certos períodos acordar com os sindicatos a flexibilização das condições de trabalho, incluindo reduções salariais, como foi, aliás, largamente noticiado.

Enquanto accionista, valida a tese de que esta medida é decisiva para garantir a viabilidade da Grounforce? Porquê

Infelizmente, a realidade dos números é eloquente e muito esclarecedora, mas ainda não é suficiente. Mas sabemos que tudo foi feito para que uma iniciativa deste tipo não tivesse que acontecer. Realçamos em especial os esforços de negociação que há mais de 2 anos vêm acontecendo, em especial com a participação dos sindicatos com os quais, infelizmente, não foi possível chegar a bom termo. A verdade é que a Groundforce tem que ter condições de sustentabilidade própria e que só na Escala de Faro havia um enorme desbalanceamento de resultados, que estava a influenciar a estabilidade de todo o resto da Empresa.

Como é que vê o facto de duas empresas, a Groundforce e a Portway, subsidiárias de duas empresas do Estado, TAP e a ANA, concorrerem entre si? Quais são os efeitos que esta situação provoca?

Essa questão transcende-me e não pretendo fazer comentários. Esclareço, no entanto, que independentemente de quem é o proprietário das empresas haverá sempre concorrência e que é necessário estar preparado para a enfrentar.

Que medidas é que a TAP pode tomar para reduzir os custos, para cumprir as orientações de corte de custos pedidas pelo Governo? Não é ainda a ocasião para falar sobre esse tema. A venda de 50,1% da Groundforce é um objectivo da TAP. Quando é que estarão reunidas as condições para o materializar?

Temos vindo a trabalhar nesse objectivo, a que estamos obrigados pela Autoridade da Concorrência. Tem havido contactos com potenciais interessados e após o esclarecimento de várias situações, sem ligação com a situação de Faro, o processo de negociação volta a ganhar ritmo.
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