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Rangel descobre em Serralves que "afinal há PPP boas"
Eurodeputado do PSD contestou corte às fundações que geram valor e defendeu um "divórcio" temporário entre a cultura e a economia.
Num debate inserido na apresentação do estudo de impacto económico da Fundação de Serralves, que concluiu que multiplica por dez no PIB os apoios do Estado, Paulo Rangel ironizou que "afinal há Parcerias Público-Privadas boas e significa que não deviam ser essas a levar os cortes, mas as outras".
Dirigindo-se ao secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, que veio ao Porto assistir à apresentação de resultados, o eurodeputado eleito pelo PSD fez um paralelismo com o orçamento comunitário e pediu mais vigor ao Governo português no diálogo com Bruxelas. "Muitas vezes os Estados europeus, que são contribuintes líquidos, têm a mesma vantagem que o Estado tem quando mete dinheiro em Serralves ou na Casa da Música".
"Não sei se o retorno é tão bom quanto este, mas não é mau. E é preciso que isto seja dito [pelo Governo] nas instâncias europeias. Eles [os países que são os maiores contribuintes líquidos] ajudam para se ajudarem a si próprios", acrescentou.
Numa intervenção curta que agitou a plateia recheada do auditório de Serralves, Rangel lamentou, "sem qualquer veleidade que isso se altere, que talvez estejamos demasiado condicionados pela supremacia da economia". A proposta foi a de "fazer um estudo de impacto cultural da economia, no sentido da atitude da mundividência das pessoas".
Salientando que "os deputados deviam impor-se mais aos governos", Rangel apontou que os tempos actuais são "de uma visão economicista e redutora da realidade". "Há muitas coisas que valem a pena para lá da dimensão económica. E a cultura - por muito que a economia seja relevante, e o mecenato comprova-o - mas há sempre um reduto da cultura que escapa à economia, portanto seria bom se, por alguns momentos, a cultura se pudesse divorciar da economia", concluiu.
Tal como noticiado pelo Negócios esta quinta-feira, o estudo sobre "O Impacto Económico da Fundação de Serralves" mostra que a actividade do complexo artístico-cultural de Serralves gerou, em 2010, um impacto global sobre o PIB de cerca de 40,56 milhões de euros, contribuiu para criar 1.296 postos de trabalho em equivalente a tempo inteiro, gerou cerca de 20,7 milhões de euros em remunerações e 10,8 milhões de euros de receitas fiscais.
Paulo Rangel elogiou ainda a "transparência" da instituição na realização deste estudo, até porque os responsáveis da instituição estão "mais confortáveis agora para tomar decisões estratégicas". Também a partir de informações como o perfil dos visitantes ou o ranking do interesse dos turistas que visitam o Porto, que colocam Serralves em quarto lugar, a seguir aos Clérigos, à Casa da Música e às caves do vinho do Porto.