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Portugal Telecom cancela venda de obrigações a 20 anos
A PT cancelou parte da primeira venda de dívida realizada nos últimos três anos. A volatilidade e a maior subida do «spread», sobretudo da maturidade mais longa, determinou o cancelamento da tranche a 20 anos. Nos prazos de sete a doze anos, a operadora f
A PT cancelou parte da primeira venda de dívida realizada nos últimos três anos. A volatilidade e a maior subida do «spread», sobretudo da maturidade mais longa, determinou o cancelamento da tranche a 20 anos. Nos prazos de sete a doze anos, a operadora foi obrigada a aumentar as «yields, numa altura em que a S&P ameaça cortar a General Motors para «junk».
No passado dia 14 de Março, a Portugal Telecom (PT) [PTC] anunciou a emissão nos mercados internacionais de uma Eurobond, através da sua subsidiaria detida a 100% PT International Finance.
A emissão será composta por três tranches com maturidades esperadas de 7, 12 e 20 anos. O encaixe da emissão será utilizado, segundo a operadora de telecomunicações, «para pagar a Eurobond que matura em Fevereiro de 2006, para fundear determinadas responsabilidades com benefícios de reforma, e para conferir flexibilidade financeira adicional à PT».
A volatilidade do mercado, a subida dos «spreads» e a maior aversão dos credores aos prazos mais longos está a complicar e a encarecer os planos de financiamento da empresa liderada por Miguel Horta e Costa.
O Espírito Santo Investment, o Banco Português de Investimento, a Caixa Geral de Depósitos, a Merrill Lynch e a Morgan Stanley são os «joint lead managers».
A Merrill Lynch, que juntamente com a Morgan Stanley, é também a «joint lead book-runners» da operação, anunciou hoje que a venda da tranche a 20 anos da PT foi cancelada.
Investidores exigem mais para comprar dívida corporativa
A operação de venda foi alterada «devido ao elevado nível de volatilidade do mercado, e à reacção dos investidores, sobretudo em relação aos prazos mais longos».
No entanto, a PT vai manter a venda dos prazos a sete e a 12 anos, mas vai aumentar o preço oferecido aos investidores.
A «yield» ou a rendibilidade extra («spread»), para os prazos acima de 10 anos, exigida pelos investidores para comprarem obrigações corporativas em detrimento de dívida pública, aumentou em sete pontos base (pb) para os 80 pb.
Segundo os dados da Merrill Lynch, citados pela agência Bloomberg, este incremento é o maior desde Julho de 2003.
Operadora portuguesa altera «pricing» a sete e 12 anos
A companhia portuguesa, perante o cenário vivido hoje no mercado da dívida, viu-se obrigada a aumentar o «spread» oferecido para as duas tranches que não foram canceladas.
A emissão a sete anos deverá ter uma «yield» de 34 a 37 pb, acima da taxa «mid-swap» de referência, segundo a Merrill Lynch, contra os cerca de 20 pb inicialmente previstos.
O «pricing» da tranche com maturidade a 12 anos deverá incorporar uma «yield» de 50 pb, contra os 30 pb inicialmente previstos.
A PT tem um «rating» de A3 (estável) pela Moody’s e de A- (estável) pela S&P.
Qualidade da dívida da General Motors poderá cair para «junk»
A agência de notação financeira S&P alertou hoje o mercado que pode cortar o «rating» da General Motors, de «BBB-», para um nível classificado como «junk», que é atribuído a empresas em dificuldades financeiras.
Este anúncio surge depois de a construtora automóvel, que é a terceira maior emitente de dívida dos EUA, ter revisto em forte baixa a sua previsão de resultados para este ano, originando uma forte subida nas «yields», pois os investidores exigem agora uma maior remuneração para comprar obrigações de empresas, em vez das mais seguras emitidas pelos governos.
Os analistas, também a explicarem o alargamento nos «spreads», citam a escalada do petróleo, que poderá provocar uma subida das taxas de juro de referência, de forma a conter eventuais surtos de inflação.
No mercado de dívida pública, as obrigações do tesouro (OT) perdiam valor, levando a um aumento da «yields». A inflação tende a provocar uma erosão no valor dos pagamentos fixos das OT a longo prazo. Uma maior «yield» das OT governamentais leva a um incremento dos «spreads» corporativos.
As acções da PT, que esta manhã estiveram a subir um máximo de 0,79%, negociavam em queda de 0,34% para os 8,87 euros.