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Participação da Iberdrola na EDP "fica no frigorífico"
A participação da Iberdrola da EDP vai ficar "no frigorífico" até que haja "melhor alternativa", afirmou hoje o presidente do grupo espanhol, escusando-se a especificar a sua estratégia para o investimento na empresa portuguesa.
A participação da Iberdrola da EDP vai ficar "no frigorífico" até que haja "melhor alternativa", afirmou hoje o presidente do grupo espanhol, escusando-se a especificar a sua estratégia para o investimento na empresa portuguesa.
"A participação na EDP fica no frigorífico e não sai do frigorífico até que vejamos melhor alternativa", disse Ignacio Galán, questionado hoje sobre esse tema por jornalistas portugueses, em Bilbau.
"Se te contar o que vou fazer com a EDP saberias tanto como eu e não te vou contar", afirmou aos jornalistas o presidente.
A Iberdrola é o maior accionista privado da EDP, detendo 10 por cento do capital.
"Quero que essa empresa valha mais e cresça mais e me dê mais dividendo", disse, escusando-se a comentar alargadamente sobre a sua avaliação, em Outubro, de que não estava satisfeito com o valor da EDP.
"Um accionistas nunca está satisfeito. Se vale mais agora que em Outubro, estarei satisfeito. Sou accionista puro, quero que cada vez valha mais e cada vez cresça mais", afirmou, explicando que ainda não conhece o plano estratégico da EDP: "Os gestores da EDP não me disponibilizaram esse plano".
Para Galán, não se trata "de estar feliz ou infeliz" com os investimentos em Portugal, que para já "estão congelados", repetiu.
No que se refere à Galp, o responsável da Iberdrola mostrou-se evasivo, afirmando que "nada está definido", ainda que se manifestasse "muito satisfeito" pelo relacionamento com a administração e pelos resultados.
"Estamos muito satisfeitos com o desempenho da Galp. Vai aumentar de valor significativamente nos próximos anos e isso deixa-nos muito satisfeitos", sublinhou.
No que toca ao Mibel, Ignacio Galan mostrou-se crítico dos "poucos avanços" nos últimos sete anos, admitindo acreditar na criação de um "mercado com letra maiúscula", a nível europeu, e não em "mercadozitos regionais".
"Ao contrário de outros por aí, em acredito no mercado europeu, em mais interconexões entre todos os países para que a energia produzida em Setúbal se possa usar em Dusseldorf", afirmou.
"Enquanto estivermos em mercadozitos pequenos regionais, não estaremos a fazer um mercado com letra maiúscula, um espaço europeu com ligações entre os diversos países, com mais eficácia e mais força", sublinhou.
Analisando a situação do sector energético, e num momento de intensas movimentações e operações em Espanha e a nível europeu, Galán afirmou que a possibilidade de uma OPA sobre a Iberdrola, será sempre "ditada pelo mercado".
Rumores sobre eventuais operações envolvendo a Iberdrola - com empresas como a Gas Natural, a Union Fenosa e a Repsol, entre outras - têm surgido regularmente nos mercados e nos órgãos de informação.
Neste capítulo, disse Galán, o nível de satisfação dos accionistas é "muito elevado", particularmente entre os que "entraram no capital a 13 ou 14 euros e agora valem 36 euros".
"As companhias compram-se e vendem-se todos os dias. A questão é se há gente para comprar e gente suficiente para vender. No nosso caso creio que os accionistas estão satisfeitos", disse ainda.
"Não estamos em liquidação. Temos um projecto próprio que desenhámos e que estamos a executar. Valemos o que valemos não porque alguém nos queira comprar, mas porque criámos esse valor e os investidores que estão a entrar acreditam em nós", disse.
Instado a comentar a luta pelo controlo da Endesa, Galán afirmou que ninguém se atreve a dizer "qual vai ser o final da operação", ainda que em situações como esta raramente têm sucesso as acções hostis.
"Raramente operações que não sejam consensuais têm êxito. Até muitas consensuais não tem êxito porque precisam do sim dos reguladores", disse.
"Acho que apreendemos muitas lições neste processo. Todos os que tentaram fazer operações num sector regulado sem ser de forma amistosa, as coisas correram mal, e quem as termina nunca é quem as começa", sublinhou.