Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Nunca a eletricidade foi tão cara em fevereiro na Alemanha. Novo Governo aposta em regresso ao fóssil

Friedrich Merz, o líder conservador que ficou em primeiro lugar nas recentes eleições alemãs, já veio avisar que que dará menos prioridade às energias renováveis do que o governo cessante de centro-esquerda de Olaf Scholz, para garantir que o fornecimento de energia seja mais barato e seguro.

Friedrich Merz, líder da União Democrata Cristã alemã.
  • ...

Os alarmes estão a começar a soar na Alemanha, com preço da eletricidade a atingir níveis recorde para o mês de fevereiro e a chegar à marca dos 128 euros por megawatt-hora (em média), muito por causa de uma redução na geração eólica, avança a Bloomberg, que cita dados da Epex Spot SE.

Este valor significa que o custo da energia no país superou o de qualquer outro fevereiro, até ao momento. Este é também o preço mais alto registado na maior economia europeia para este inverno, tendo mesmo ultrapassado os máximos históricos das crises energéticas de 2022 e 2023. 

No entanto, os analistas esperam que a geração solar comece a aumentar nos próximos meses e ajude a reduzir os preços nos mercados grossistas. Esta subida fora do normal acontece num momento em que que os custos elevados com a fatura da energia elétrica são uma preocupação significativa tanto para as famílias alemãs como para as grandes indústrias da maior economia da Europa.

A baixa produção de energia eólica neste inverno, em alguns países europeus, expôs a necessidade de aumentar a produção de energia renovável, sobretudo na Alemana, onde o impacto dos elevados custos com energia atingiu duramente a economia e acabou por contribuir para uma mudança política no país.

Em dezembro, os valores em mercado chegaram a ultrapassar a barreira dos 1.150 euros por MWh, segundo os dados da plataforma Epex Spot. O mesmo se registou em alguns dos países e regiões vizinhas, como a Dinamarca, Países Baixos e sul da Noruega.

No centro e norte da Europa, este fenómeno de preços elevados da energia explica-se com a redução das horas diárias de exposição solar (com a aproximação do solstício de inverno), associada a uma paralisação das turbinas eólicas devido à falta de vento nos países do centro da Europa. Isto levou a Alemanha e os seus vizinhos a ter de recorrer ao gás natural para produzir energia elétrica nas centrais térmicas, em quantidades mais elevadas que não se registavam desde o pico da crise energética em 2022. 

Soma-se ainda o facto de outros países na região, como a Suécia e a Áustria, estarem numa situação muito semelhante e não poderem compensar a falta de produção elétrica na Alemanha.

Do lado político, Friedrich Merz, o líder conservador que ficou em primeiro lugar nas recentes eleições alemãs, já veio avisar que que dará menos prioridade às energias renováveis do que o governo cessante de centro-esquerda de Olaf Scholz, para garantir que o fornecimento de energia seja mais barato e seguro. Na prática, o aumento dos custos da energia tornou os fabricantes alemães menos competitivos e forçou alguns a transferir fábricas para o estrangeiro.


Durante anos, a Alemanha dependeu fortemente do fornecimento de gasodutos russos para a sua geração de energia a gás natural. As energias renováveis ajudaram a preencher parte dessa lacuna, mas ainda precisam de ser apoiadas por fontes que não dependem da meteorologia, como o sol e o vento. O país fechou a sua última central nuclear em 2023 e tem recorrido cada vez mais ao carvão ou a remessas de gás natural liquefeito mais caras. 
 
 
 

Ver comentários
Saber mais Energia solar Mercado da energia Gás natural Energias renováveis Alemanha Europa Epex Olaf Scholz Friedrich Merz
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio