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Ministro da Economia comprometeu-se a falar com BCP e Santander, apontam sindicatos

"O ministro Siza Vieira assumiu o compromisso de ir falar com presidentes dos bancos BCP e Santander Totta", afirmou a dirigente do Mais Sindicato.

BCP falha recuperação do setor
03 de Setembro de 2021 às 19:37
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O Mais Sindicato disse esta sexta-feira à Lusa que, em reunião esta tarde, o ministro da Economia se comprometeu a falar com os presidentes do BCP e do Santander Totta para tentar evitar despedimentos coletivos naqueles bancos.

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, e dirigentes dos sindicatos de bancários afetos a esta central sindical (Mais Sindicato, SBN e SBC) reuniram-se hoje à tarde com os ministros da Economia, Pedro Siza Vieira, e do Trabalho, Ana Mendes Godinho, num encontro em que pediram a intervenção do executivo junto dos bancos para evitar os despedimentos coletivos em curso no Santander Totta e no Millennium BCP.

Em declarações à Lusa, a dirigente do Mais Sindicato Cristina Damião disse que foram expostas aos ministros as tentativas dos bancos de reduzirem trabalhadores sob a ameaça do despedimento coletivo e que agora "tudo indica que vão mesmo concretizar" esses despedimentos.

"O ministro Siza Vieira assumiu o compromisso de ir falar com presidentes dos bancos BCP e Santander Totta", afirmou.

A banca em geral está a levar a cabo processos de saída de trabalhadores, sendo que para já os bancos BCP e Santander Totta são os que têm processos mais agressivos, prevendo inclusive despedimentos coletivos.

Na semana passada, o BCP anunciou que vai avançar para o despedimento de até 100 trabalhadores, depois de ter chegado a acordo com cerca de 800 funcionários para saídas por acordo (reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo).

Já o Santander não chegou a acordo para a saída de 350 trabalhadores, de um total de 685 inicialmente previstos, e vai agora avançar com um "processo unilateral e formal" a partir de setembro, segundo uma nota interna da Comissão Executiva do banco, enviada em 20 de agosto, a que a Lusa teve acesso.

Em 13 de julho, os sete sindicatos do setor bancário promoveram uma manifestação em frente à Assembleia da República, contra os despedimentos e indicaram que ponderam avançar com uma greve geral.

Para dia 7 (próxima terça-feira) está marcada uma reunião entre todos os sindicatos e a greve será um tema em discussão.

Esta semana, a UGT disse em comunicado que o Governo tem de adotar medidas de defesa dos trabalhadores e evitar que as empresas possam recorrer ao despedimento coletivo "para atingirem objetivos económicos dos acionistas, aproveitando o momento de pandemia, onde seria exigível uma responsabilidade social que proteja os mais frágeis e vulneráveis" na relação de trabalho.

Os sindicatos de bancários têm acusado os bancos de repressão laboral ilegal e de fazerem redução de milhares de trabalhadores quando têm elevados lucros.

O BCP registou lucros de 12,3 milhões de euros no primeiro semestre deste ano (menos 84% do que no mesmo período de 2020) e o Santander Totta 81,4 milhões de euros (menos 52,9%).

Segundo a dirigente do Mais Sindicato, além das consequências destes processos nos trabalhadores, há também impactos na Segurança Social, pois os trabalhadores desempregados deixam de descontar, e no Sistema de Saúde, pois tinham o apoio na saúde do subsistema de saúde dos sindicatos, os SAMS.

Outros sindicatos bancários também já tinham pedido a intervenção do Governo.

O SNQTB já entregou um pré-aviso de greve junto do Santander e o BCP e criou um fundo para apoiar trabalhadores que queiram impugnar o despedimento coletivo.

Este sindicato tem dito que, em Espanha, a redução de bancários tem levado a "fortes declarações dos responsáveis políticos", o que contribuiu para reduzir o impacto.

Também o SINTAF (sindicato afeto à CGTP), num memorando de 19 de agosto, a que a Lusa teve acesso, pedia ao Governo, entre outras medidas, "ação imediata para travar os processos já em desenvolvimento" e que sejam promovidas medidas na legislação que "limitem e reduzam o recurso à figura do despedimento coletivo, para evitar que no futuro se replique o aproveitamento que agora está a ser feito deste mecanismo".
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