José Folgado, secretário de Estado da Energia espanhol disse hoje à saída de uma reunião com o homólogo português, Eduardo Oliveira, que pretende «uma participação mútua» entre as eléctricas portuguesas e espanholas, adiantado ainda que a decisão sobre os direitos de voto da EDP na Hidrocantábrico será tomada em breve.

José Folgado adiantou ainda aos jornalistas que manterá «encontros com o Governo português» numa perspectiva de «intercâmbio de opiniões, experiências, objectivos que partilhamos» com vista a «criar um mercado ibérico de electricidade».

O próximo encontro entre os dois responsáveis ibéricos das pastas de energia ainda «não está agendado», acrescentou o secretário de Estado de energia espanhol.

O mesmo responsável afastou, no entanto, o cenário traçado pela imprensa de que o levantamento do bloqueio os direitos de voto da Electricidade de Portugal (EDP) na Hidrocantábrico estaria dependente de um incremento de posição da Iberdrola, eléctrica espanhola na congénere portuguesa.

«Nunca colocámos essa questão ao nível de uma empresa concreta não é um tema de empresas mas um tema de modelo» ibérico de electricidade.

Neste âmbito, o homólogo espanhol sublinhou que «o queremos é uma participação mútua entre as eléctricas (espanholas e portuguesas) nas várias áreas de distribuição e produção», adiantando que «não estamos a funcionar com base em departamentos estanques».

No horizonte dos Governos nacional e espanhol está a criação «de um modelo do qual também participa o Governo português de criar um mercado ibérico de electricidade», acrescentou José Folgado.

A criação desse mercado «vai beneficiar os consumidores» nos dois países, acrescentou.

Programa de acção para criação de mercado eléctrico ibérico

Para a criação de um mercado eléctrico ibérico, os dois Governos vão «estabelecer um programa de trabalho nos próximos meses trocando experiências, estudos e chegar a objectivos comuns», revelou José Folgados.

O objectivo será o estabelecimento de um protocolo que terá incluindo um «programa de acção» onde será «garantida» a concretização das metas estabelecidas, segundo adiantou o secretário de Estado da Energia espanhol.

Decisão sobre votos na Cantábrico em breve; aguarda definição de questões determinantes

Escusando-se a adiantar as questões determinantes que estão ainda a condicionar a decisão do levantamento ou não do exercício dos direitos de voto da EDP na espanhola Hidrocantábrico, José Folgado admitiu que a decisão será tomada em «breve».

«Nas próximas semanas será definida a decisão na Cantábrico», afirmou José Folgado.

Essa questão «está bem encaminhada», faltando unicamente a conclusão de «algumas questões que são determinantes».

O Governo espanhol decretou a suspensão dos direitos de voto correspondentes à participação da EDP [EDP] na Hidrocantábrico, que correspondem a 19,2% do capital social.

Na base da decisão do Governo de Madrid, esteve a legislação do país vizinho, que impede empresas com capitais públicos, como é o caso da EDP, de exercerem os direitos de voto sobre mais de 3% do capital de eléctricas espanholas, a não ser em caso de receberem a autorização do Executivo do país vizinho nesse sentido.

As acções da EDP encerraram nos 2,75 euros (551 escudos) a cair 5,17%.