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João Moreira Rato: “O verdadeiro não executivo, quando se chateia, vai-se embora”

O presidente do Instituto Português de Corporate Governance entende que o tempo dedicado às instituições é apenas um dos fatores a ter em conta e não deve ser sobrevalorizado.

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28 de Agosto de 2024 às 10:00
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Que leitura faz das conclusões do estudo do Banco de Portugal?
As pessoas têm as suas próprias responsabilidades e têm que assumi-las. Tentar definir ao milímetro o tempo dedicado é muito redutor. Há três vetores importantes para os não executivos: a capacidade para aquele trabalho, perceber do assunto; a independência, que é crucial; e a disponibilidade. E a disponibilidade não pode ser reduzida só ao tempo.

Não deve ser medida assim?
Acho que não se mede ao minuto. A pessoa tem que estar disponível às 10 da noite, e tem que ajudar, tem que participar. E a disponibilidade tem mais a ver, para mim, com a flexibilidade, com estar disponível quando acontece algum problema específico. Mas também a disponibilidade para ir pensando na instituição um bocadinho fora da caixa, que não é, provavelmente, fácil de classificar em termos de tempo. Isto faz com que esta questão de medir os minutos e as horas seja um bocadinho redutora. No Instituto Português de Corporate Governance, onde vemos mais lacunas é na identificação, contratação e utilização de não executivos. Há uma percentagem de empresas portuguesas que ainda não levam os não executivos suficientemente a sério. Mais complicada do que a questão da disponibilidade, é a da independência. Se a escolha do não executivo não for feita de acordo com certos critérios, bem identificados, usando auxílio externo, para identificar as pessoas que têm essa capacidade, torna-se mais difícil ter não executivos independentes.

Há quem acumule cargos não executivos...
Essas situações colocam questões de disponibilidade. A acumulação tem de levar em consideração a disponibilidade e os conflitos de interesse. Mas tem uma parte positiva. Para que um administrador não executivo seja independente, não deve estar dependente do seu cargo, do seu lugar. O verdadeiro não executivo, quando se chateia, vai-se embora.

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