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Impresa reduz prejuízos em 22% em 2001; vendas caem 13%

Os prejuízos do Grupo Impresa diminuíram em 22% para os 52,24 milhões de euros em 2001, e tiveram origem numa quebra das vendas resultante de um menor investimento publicitário e a custos extraordinários incorridos para a reestruturação das suas operações

20 de Março de 2002 às 00:13
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Os prejuízos do Grupo Impresa diminuíram em 22% para os 52,24 milhões de euros em 2001, e tiveram origem numa quebra das vendas resultante de um menor investimento publicitário e a custos extraordinários incorridos para a reestruturação das suas operações, revelou a empresa.

Este valor é pior do que o esperado pela média dos analistas contactados pelo Negocios.pt. Os cinco analistas apontavam para prejuízos de 36,18 milhões de euros, num intervalo que variava entre os 31 milhões de euros no limite inferior e os 47,5 milhões de euros no limite superior.

As vendas recuaram 13% para os 301,05 milhões de euros, um valor em linha com o esperado pelos analistas, devido a uma quebra de 6,2% no investimento publicitário. As receitas de publicidade, que haviam representado 73% do volume de negócios em 2000, atingiram os 63% das vendas totais da empresa liderada por Pinto Balsemão em 2001.

«Esta redução das receitas globais foi provocada pela quebra de 6,2% verificada no investimento publicitário, pela descida no nível de audiências da SIC e pelo abrandamento do consumo privado com reflexo na queda generalizada na circulação das publicações», explica o maior grupo de media nacional em comunicado.

Plano de reestruturação permite poupanças de 28 milhões em 2002

A Impresa [IPR] iniciou um plano de reestruturação durante o ano passado que lhe deverá permitir uma poupança de 38 milhões de euros em 2002. No entanto, os custos incorridos no plano de reestruturação ascenderam aos 14,76 milhões de euros, acabando por afectar o «cash flow» operacional, ou EBITDA, da empresa, que se situou nos 14,16 milhões de euros.

No âmbito desse plano, a Impresa reduziu em 193 os funcionários nas áreas de televisão e revistas, tendo constituído provisões de 10,2 milhões de euros para «depreciação de existências e cobertura de riscos relacionados com processos judiciais em curso», afirma a empresa.

A SIC foi a divisão da empresa onde o plano de redução de custos teve um maior impacto. Do total dos 193 funcionários que saíram dos quadros da empresa, 107 estavam afectos à estação televisiva, onde a Impresa estima em 2002 gerar 30 milhões de euros em poupanças.

Impresa diversifica estrutura de receitas com canais temáticos

A Impresa lançou novas áreas durante 2001 e continuou a exploração de outras iniciadas ainda em 2000 que permitiram uma maior diversificação de receitas, ainda maioritariamente dependentes das vendas de publicidade na TV.

Apesar das receitas de televisão terem representado 48% do total ao ascenderem aos 144,43 milhões de euros, as novas áreas, que incluem canais temáticos como a SIC Radical, a SIC Notícias, a SIC Filmes, a Premium TV, a SIC Internacional e a SIC Online já representam cerca de 10% do total de volume de negócios da Impresa.

O objectivo da empresa é, ao mesmo tempo que se posiciona «como o mais importante criador e fornecedor de conteúdos em Portugal (...), reduzir a dependência das receitas publicitárias, particularmente voláteis em anos de menor crescimento económico», como o de 2001, explica a mesma fonte.

Receitas das revistas da AbrilControlJornal caem 16,6%

As receitas das revistas detidas pela «sub-holding» AbrilControlJornal, e que incluem títulos como a «Visão», a «Exame», e a «Turbo», recuaram 16,6% para os 75,47 milhões de euros.

Esta quebra resultou de um abrandamento em 21,7% nas receitas realizadas com a venda de revistas para os 37,52 milhões de euros e de uma quebra de 9,6% nas receitas de publicidade nesta área para os 36,52 milhões de euros.

A queda nas receitas de circulação derivou do encerramento da revista «Roda dos Milhões», da «Mundo VIP», enquanto títulos como a «Você SA» e a «Exame Digital» passaram a ser parte integrante, sob a forma de suplementos, da revista «Exame».

A ACJ também iniciou um processo de reestruturação, com o número de trabalhadores a ser reduzido em cerca de 16%, enquanto os custos operacionais foram cortados em 7 milhões de euros.

Dado o facto da accionista Abril ter já dado indicações de quer sair da estrtura accionista da ACJ, a Impresa afirma «caso se reúnam as condições necessárias , exercer o seu direito de preferência, reforçando, deste modo, a sua posição accionist na ACJ», argumenta a empresa no referido comunicado.

Receitas de jornais caem 2,4%; «Expresso» vende 48,37 milhões

As receitas totais obtidas pelos jornais do Grupo Impresa caíram 2,4% em 2001 para os 58,12 milhões de euros, enquanto a publicidade neste meio diminuiu 2,9% para os 44,18 milhões de euros. As vendas de jornais avançaram 1,6% para os 13,41 milhões de euros.

As receitas de publicidade angariadas pelo semanário «Expresso» mantiveram-se praticamente inalteradas ao ascenderem aos 48,37 milhões de euros, valor que compara com os 48 milhões obtidos em 2000. A circulação daquele título recuou dos anteriores 138.562 exemplares por semana para os 137.444 exemplares.

Os resultados líquidos do «Expresso» desceram 68% para os 2,04 milhões de euros, devido à «quebra de 4,5% da facturação em publicidade (..) à reformulação de toda a área Magazine, que permitiu a edição, com o primeiro número de 2001, dos novos cadernos «Vidas» e «Cartaz» e o lançamento do «Guia Expresso Semana».

O «Jornal da Região» foi o segundo jornal que mais receitas gerou, ao atingir vendas de 5,73 milhões de euros, contra os 5,17 milhões do ano anterior.

Receitas da VASP cedem 1,5% para 44,32 milhões de euros

As receitas da distribuidora VASP, que é detida em percentagens iguais pela Impresa, Cofina [COFI] e Lusomundo [PTM] , mantiveram-se pouco alteradas ao cair 1,5% para os 44,32 milhões de euros, apesar das quebras nos investimentos publicitários, de circulação e de vendas de publicações.

«Estes valores só foram possíveis de alcançar devido a uma grande agressividade comercial, que possibilitou a conquistra de novos editores» como a «TV Guia», «O Independente» e a Ferreira & Bento» que transitou da Deltapress para a VASP com a fusão das distribuidores, defende a mesma fonte.

Impresa quer alienar activos não estratégicos para reforçar balanço

A Impresa quer alienar alguns activos considerados não estratégicos para o grupo por forma a fazer face às suas necessidades de investimento «nomeadamente o possível reforço da posição accionista na ACJ» durante 2002 e «simultaneamente fortalecer o seu balanço».

Para tal, a Impresa afirma que «já estão a decorrer negociações» nalgumas das áreas em causa, que a empresa não especifica.

As acções da Impresa terminaram nos 2,17 euros, a perder 1,31%.

Por Ricardo Domingos

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