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IA da Microsoft reabre central nuclear polémica nos EUA

A central de Three Mile Island protagonizou o pior incidente nuclear em território norte-americano nos anos 1970. Agora, um dos reatores, que esteve em funcionamento até 2019, vai ser reativado para abastecer de energia os centros de dados para Inteligência Artificial da tecnológica.

20 de Setembro de 2024 às 20:46
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No final dos anos 70, a central nuclear de Three Mile Island, no estado norte-americano da Pensilvânia, registou o pior incidente com energia atómica na história dos EUA. A fusão parcial de um dos dois reatores causou o pânico entre a população e as autoridades. Embora não tenham existido vítimas ou danos de maior, a situação levou a que se instalasse o ceticismo acerca dos riscos da produção deste tipo de energia – que se agravou substancialmente sete anos depois, com o acidente de Chernobyl, na antiga União Soviética.

Agora, as massivas necessidades de energia da Inteligência Artificial levaram a que a Microsoft assinasse um acordo durante 20 anos com a Constellation Energy para reativar o reator não danificado da central, que continuou em funcionamento até 2019, até ser encerrado definitivamente por falta de viabilidade económica. A reativação, que deverá estar concluída em 2028, custará 1,8 mil milhões de dólares à Constellation. Quando reabrir a central vai mudar de nome para Crane Clean Energy Center. Após o acordo, as ações da Constellation Energy dispararam mais de 20%.

   

O acordo permitirá à Microsoft expandir os seus planos para o desenvolvimento da Inteligência Artificial, alimentando as gigantescas necessidades de energia dos centros de dados da empresa. Embora existam ainda receios sobre a utilização da energia atómica, a modernização da tecnologia permite obter uma fonte energética ininterrupta e livre de emissões de carbono e que, paradoxalmente, ajuda a cumprir os objetivos climáticos.     

Bobby Hollis, vice-presidente da Microsoft para a energia, disse que o acordo "é um importante marco nos esforços da Microsoft para descarbonizar a rede". Já Joe Dominguez, CEO da Constellation, lembrou em comunicado que os centros de dados "requerem uma abundância de energia livre de carbono e as centrais nucleares são as únicas fontes de energia que podem cumprir essa promessa de forma consistente". E afastou os receios sobre a central. "É o reator de melhor desempenho da nossa frota e sem dúvida o reator de melhor desempenho na América", disse numa entrevista citada pelo WSJ.

Quando encerrou, o reator da central de Three Mile Island tinha licença de utilização até 2034. Agora, terá de passar pela obtenção de autorizações a nível local e estadual, além de aprovação pela Comissão de Regulação do Nuclear dos EUA, o que poderá ser um processo moroso. Contudo, a Microsoft espera que as prementes necessidades energéticas da IA possam agilizar o processo.

Esta não é primeira vez que a Microsoft recorre à energia nuclear. A gigante tecnológica já utiliza a energia da Constellation num centro de dados do estado da Virginia quando a energia renovável eólica e solar não está disponível e assinou um contrato para a energia de fusão, acreditando que estará disponível ainda nesta década.

A empresa fundada por Bill Gates não é a única tecnológica que está a procurar abastecer-se de energia nuclear para os seus projetos. A Amazon Web Services, a divisão da Amazon para a cloud, comprou em março um centro de dados que será alimentado pela central nuclear de Susquehanna, também na Pensilvânia. Já a Oracle anunciou recentemente que um novo centro de dados será abastecido por três reatores nucleares de dimensões mais reduzidas.    

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