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Futuro: o que a Galp quer fazer depois da paz accionista

O presidente executivo da ENI prometeu a criação de um campeão à escala ibérica. Na verdade, o projecto de investimentos da Galp é ainda mais ambicioso e prevê várias frentes de internacionalização. Brasil e Angola também são prioridades.

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Paolo Scaroni, presidente executivo da ENI, prometeu ontem o empenho na criação de um campeão à escala ibérica. Na verdade, o projecto de investimentos da Galp é ainda mais ambicioso e prevê várias frentes de internacionalização. Brasil e Angola também são prioridades.

Paolo Scaroni, presidente executivo da ENI, prometeu ontem o empenho na criação de um campeão à escala ibérica. Na verdade, o projecto de investimentos da Galp é ainda mais ambicioso e prevê várias frentes de internacionalização. Brasil e Angola também são prioridades.

A apresentação do plano estratégico de investimentos foi feito há cerca de um mês, aliás pela ENI, numa jogada de antecipação – que só fez sentido no quadro de negociações tensas que então se vivia.

Na altura, o presidente executivo da Galp, Marques Gonçalves, reagiu nesse próprio dia acusando os italianos de plágio: tinham-se «apropriado» dos planos que a comissão executiva tinha proposto e que faltava aprovar.

Ultrapassado o clima de tensão, recorde-se qual é esse plano de investimentos, com a ressalva de que Américo Amorim (que entrou na companhia entretanto) já disse que quer rever.

Objectivo: duplicar a dimensão da Galp

A administração identificou sete projectos prioritários que envolvem um investimento superior a três mil milhões de euros, num período entre 5 e 10 anos. Objectivo: duplicar a dimensão da Galp.

Esse esforço será financiado com o «cash-flow» e resultados e recurso a capitais externos, aproveitando o baixo endividamento da empresa.

Alguns destes projectos já estão em curso, como o caso do desenvolvimento da exploração e produção para obter 30% das necessidades da capacidade de refinação. Outros ainda carecem de aprovação do conselho de administração e dos seus accionistas.

As cinco áreas de intervenção projectos prioritários

1. Exploração e Produção

O objectivo é aumentar a produção dos actuais 2% de capacidade de refinação para 30%, passando de uma produção anual de cinco mil barris para 75 mil barris diários.

O contributo da ENI para esta meta é a exploração de sinergias em Angola e no Brasil, onde estão as duas empresas e parcerias em novas explorações. Neste sector, há oportunidades para mais de mil milhões de euros de investimento. A ENI propõe acesso a tecnologia de ponta e reservas de petróleo. Segundo a Galp, este projecto já está em curso.

A entrada de Américo Amorim em cena, em parceria com a Sonangol, vem reforçar esta predisposição investir em Angola. Mais: vem abrir portas.

2. Gás natural

No gás natural, a proposta é para uma parceria comercial com a Union Fenosa Gas, onde a ENI tem 50%, para atingir uma quota de mercado conjunta de 30%, o que geraria o segundo operador ibérico.

A ENI propõe acesso à cadeia de valor de gás natural a nível internacional. Um dos mercados de exploração conjunta possível é os Estados Unidos onde a empresa italiana garantiu acesso a terminais de regaseificação.

Para este sector, o NPV («net present value»: valor actual líquido) é de 200 milhões de euros. A Galp propôs a inclusão da Fenosa Gás quando negociou a concentração da participação da ENI na Gás de Portugal. Mas o grupo italiano disse não poder garantir esta parceria por só ter 50% da empresa.

3. Electricidade

O objectivo é entrar no mercado com uma potência instalada da ordem das 1200MW, sobretudo através de centrais de ciclo combinado, já que a produção eólica não é referida.

O investimento estimado é da ordem dos 900 milhões de euros. A ENI propõe cooperação com a sua participada de energia a EniPower e a concretização a nível comercial de uma oferta conjunta de gás e electricidade.

A Galp só aprovou a expansão nas energias eólicas, com investimento da ordem dos 500 milhões de euros, com a abstenção da ENI. Para as centrais térmicas, faltam as licenças do Governo.

4. Refinação

Melhorar a refinação para potenciar a produção de «diesel», novas tecnologias para crudes pesados e para combustíveis menos poluentes. Aumentar a capacidade de conversão e a qualidade do sistema de refinação, com oportunidades para mais de mil milhões de euros de investimento.

A Galp lembra que este projecto estava previsto desde 2000 e que não foi realizado.

A comissão executiva relançou um plano de investimentos de 500 milhões para optimizar a refinação. E aguarda a luz verde da ENI.

5. Retalho

A integração da rede da Agip e da Galp em Espanha, permitindo duplicar a quota de mercado, bem como a integração total a nível logístico das duas redes, são as propostas da ENI que identifica oportunidades de investimento por aquisição de 800 milhões de euros.

A Galp lembra que este era um dos objectivos da parceria em 2000 que não foi concretizado, existindo concorrência entre as duas redes. A proposta voltou a ser feita pelo CEO, mas a ENI recusou estudá-la, disse há um mês Marques Gonçalves.

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