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"Flexibilidade laboral, mais do que uma moda, é uma nova normalidade"
Para Gonçalo Moura Martins, as empresas que não se organizarem para dar aos seus trabalhadores formas alternativas de trabalho vão perder talento. Novo episódio do podcast Partida de Xadrez vai para o ar esta segunda-feira.
Portugal continua na cauda da Europa em termos de produtividade do trabalho, um problema "grave" para o qual "a grande mudança tem de ser ao nível da organização, seja do trabalho seja das empresas", defende Gonçalo Moura Martins no 14.º episódio do podcast Partida de Xadrez, que vai para o ar esta segunda-feira no site do Negócios e nas principais plataformas.
"A flexibilidade laboral, quer quanto ao local de trabalho, quer quanto ao tempo trabalhado, mais do que uma moda, é uma nova normalidade com impacto transversal na sociedade", afirma, realçando que este é um fator "absolutamente crítico na contratação e retenção do talento".
Também António Ramalho considera que este é um problema que "merece sobretudo uma reflexão profunda das empresas, para que saiam da sua zona de conforto". Em seu entender, "não é o dirigismo do Estado que irá resolver este assunto, mas sim a flexibilidade da iniciativa privada conjuntamente com os seus colaboradores".
Moura Martins considera que as empresas "não têm outro remédio que não seja dar esse salto em termos de modelo de organização", e aponta o exemplo das grandes empresas tecnológicas que querem hoje "as pessoas muito mais presentes, não para trabalhar, mas para conviver, coordenar e formar".
António Ramalho diz ainda que as empresas, para aumentarem a produtividade, "têm de gerir muito bem três coisas: os níveis de investigação e desenvolvimento que introduzem nos seus processos e produtos; a motivação e o bem-estar dos seus colaboradores; e uma remuneração progressivamente mais interessante, sobretudo em função do resultado".
Outras soluções para enfrentar o problema passam, no entender do gestor, pela "concentração empresarial, que permite ganhos de escala que tornam o país mais produtivo", mas também a qualificação da estrutura empresarial, já que em Portugal 39,2% dos gestores têm qualificação superior, quando na Europa esse número chega aos 59,1%.
Moura Martins acrescenta, por seu lado, que atacar o problema é também pela forma como "as empresas põem tecnologia e inovação em cima dos processos".
"As empresas que se preocupam em ter futuro e ser sustentáveis no modelo de negócio vão procurar, elas próprias, encontrar formas de aumentar a satisfação e a motivação dos seus colaboradores", acredita, defendendo que o incentivo ao aumento da produtividade está do lado das empresas, e por isso será "muito mais efetivo" do que se viesse de um decreto-lei do Governo.