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FBI confirma compra do programa de espionagem Pegasus aos israelitas do NSO

O FBI indicou que apenas quer testar e avaliar o produto. Contudo os críticos questionam a razão de ter pago por a um instrumento notório de vigilância, que tem sido muito procurado, se os seus interesses são tão limitados.

Reuters
03 de Fevereiro de 2022 às 08:52
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A polícia federal dos EUA (FBI, na sigla em Inglês), confirmou na quarta-feira que comprou o programa informático espião Pegasus, do grupo israelita NSO, com uma comprovada utilização extensa contra políticos, dissidente, defensores dos direitos humanos e jornalistas.

A decisão deveu-se à vontade de "se manter a par das tecnologias emergentes e do ofício".

Em comunicado, o FBI acrescentou que obteve uma licença limitada da empresa israelita "apenas para testar e avaliar o produto", sem qualquer intenção de o usar operacionalmente ou para apoiar qualquer intervenção.

Mas os críticos questionam a razão que levou a principal agência de defesa da lei a ter de pagar para aceder a um instrumento notório de vigilância, que tem sido muito procurado, se os seus interesses são tão limitados.

"Gastar milhões de dólares para encher os bolsos de uma empresa que é conhecida generalizadamente por facilitar abusos dos direitos humanos, por possíveis atos criminosos e por operações que ameaçam a própria segurança nacional dos EUA, é completamente perturbador", disse Ron Deibert, diretor do Citizen Lab, o observatório da internet, da Universidade de Toronto, que revelou dezenas de invasões com o Pegasus desde 2016.

"Pelo menos, isto parece uma forma terrivelmente contraprodutiva, irresponsável e mal concebida" de se manter a par da tecnologia de vigilância, acrescentou.

Um porta-voz do FBI não revelou quanto nem quando é que a polícia pagou ao NSO, mas o The New York Times reportou na semana passada que a licença, com a duração de um ano, custou cinco milhões e que a tecnologia foi testada em 2019.

Na quarta-feira, o The Guardian citou uma fonte conhecedora do caso que adiantou que o FBI pagou quatro milhões de dólares para renovar a licença, mas nunca usou o programa-espião, que invade o telemóvel do alvo, garantindo acesso a todas as suas comunicações e localização e convertendo-o de facto em um instrumento remoto de espionagem.

Em novembro, o Departamento do Comércio dos EUA colocou o grupo NSO «na sua lista negra, o que o impede de aceder à tecnologia dos EUA. Posteriormente, a Apple processou o grupo, designando-o como "mercenários amorais do século XXI".

Na terça-feira, a polícia de Israel anunciou que encontrou provas que apontam para o uso não autorizado de 'spyware' (programas informáticos de espionagem) usados pelos seus próprios agentes na escuta de telefones de cidadãos do Estado hebreu.

O anúncio surge duas semanas após um jornal israelita ter noticiado uma série de casos em que a polícia usou o 'software' Pegasus, do NSO Group, para vigiar manifestantes, políticos e suspeitos de crimes, sem que existisse uma autorização de um juiz.

As notícias causaram indignação em Israel e levaram o procurador-geral e os deputados a iniciar investigações.
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