O maior grupo farmacêutico português oficializou hoje a saída da Apifarma, Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, por considerar que esta associação "despreza" os genéricos, medicamentos que trata "como uma espécie de medicamentos contrafeitos", explicou Paulo Paiva dos Santos, CEO da Farma-APS/Generis, numa carta enviada ao líder da direcção da Apifarma, João Pedro Lopes.

Nesta missiva, a que o Jornal de Negócios teve acesso, o tom escolhido pela empresa para comunicar a decisão foi a ironia, realçando logo nos parágrafos iniciais da mesma que o anúncio do abandono deve ser "para vós [Apifarma] um momento de grande alívio e satisfação, pois não pertencemos ao grupo de indeléveis da vossa associação".

 Paiva dos Santos, que acusa a Apifarma de rotular como indesejáveis as empresas "que ao fim e ao cabo são industriais e 100% portugueses", ainda sublinha que não compreende "as medidas" que esta associação "assume declaradamente contra os medicamentos genéricos", acusando-a de utilizar as quotizações pagas pela Farma/Generis para financiar campanhas contra os genéricos.

As providências cautelares levantadas pela Apifarma contra os interesses desta empresa são outro dos pontos levantados pelo CEO da Farma/Generis para justificar o abandono desta associação.

Segundo a Lusa, a Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica interpôs uma providência cautelar contra um concurso internacional de 500 mil euros  para promover o mercado de genéricos, alegando uma agressão à lei da concorrência e defendendo que ao Infarmed cabe apenas a promoção de campanhas de esclarecimento para o uso racional dos medicamentos.

A Farma/Generis facturou cerca de 50 milhões de euros em 2006, tendo como objectivo chegar ao final deste ano com mais de 60 milhões de euros em vendas.