A Meios & Publicidade atribuiu o grande prémio dos Prémios Criatividade à campanha Traços da Liberdade, uma campanha em torno do mítico lápis "Olímpico 291" e que nasceu de um desafio feito pela fabricante de lápis Viarco à agência Partners. O objectivo foi o de comemorar, no ano passado, os 40 anos da revolução 25 de Abril.

Esta campanha aludia ao icónico lápis "Olímpico 291", produzido pela fabricante Viarco, e que ficou conhecido para a posteridade pelo mais simples nome de "lápis azul". Ora, foi precisamente por este nome que ficou vulgarmente conhecida a acção dos censores do Estado Novo. Jornais, livros, peças de teatro ou filmes tinham de passar pela aprovação da censura prévia. O acto de censura a determinada ideia ou afirmação era habitualmente chamado de "ida ao lápis azul".

A campanha que pretendeu reavivar a memória em torno de um utensílio nem sempre conhecido pelas melhores razões, resultou ainda numa exposição, realizada em 2014, que inaugurou a galeria da própria Viarco e que recebeu a visita de mais de quatro mil pessoas durante os cinco meses de exibição.

Desta feita o "lápis azul" não serviu para riscar nenhuma palavra ou ideia inconveniente, mas para retractar três das principais figuras que resistiram ao Estado Novo e contribuíram, de uma forma ou de outra, para derrubar o anterior regime: Humberto Delgado, Salgueiro Maia e Zeca Afonso.

A ideia passa por demonstrar que o "lápis azul pode criar em vez de destruir, expressar e não reprimir", refere a agência responsável pela ideia, sublinhando que "só precisa de estar nas mãos certas".