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Estado ou banca podem apoiar empresas como acionistas
Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial, admite que, temporariamente, o Estado ou a banca entrem para o capital das empresas para apoiar a retoma.
"A retoma da indústria transformadora faz-se reforçando toda a sua cadeia de valor, é um processo de inteligência coletiva e acredito que a banca, mas também o Governo, têm um papel muito importante na capitalização das empresas. É esta que as vai tornar mais fortes nem que isso implique que temporariamente o Estado ou a banca entrem para o capital das empresas", referiu Ana Abrunhosa, ministra da Coesão Territorial na 3ª webconferência PME no Radar, uma iniciativa do Jornal de Negócios e do Santander.
"Passado este período mais difícil, as empresas poderiam retomar o capital, mas não podemos perder o know-how, o capital, os empresários e as empresas de grande valor que temos".
A ministra afirmou que a saída sustentável desta crise vai ser feita pela atividade económica e o investimento das empresas, "mas num processo de inteligência coletiva, em que um conjunto de atores vai ter de apoiar as empresas como a banca, as associações e as empresas de outros setores". Neste processo de retoma é importante o investimento público, os apoios sociais por causa dos efeitos assimétricos na população mais desfavorecida e mais frágil.
Ana Abrunhosa chamou a atenção para o facto de nos tempos mais próximos vários setores, que são empregadores significativos de mão-de-obra, como o turismo, não terem a mesma capacidade de absorção que tiveram noutros períodos críticos. "Por isso temos de aumentar a nossa base industrial por que é a que mantém o emprego sustentável, e é uma tendência dos últimos 40 anos".
Esta fase de reindustrialização "vai implicar uma nova indústria. Temos de falar de cadeias de valor, o que significa que o reforço da base industrial obriga a que os setores trabalhem em rede", disse Ana Abrunhosa. "Não só para diminuir a nossa dependência do exterior, que esta crise demonstrou de uma forma evidente, mas porque as cadeias de valor globais vão ter necessariamente de deslocar-se de Oriente para Ocidente por várias razões, como assegurar a nossa autossuficiência em produtos e equipamentos essenciais e um novo tipo de consumo preocupado com as questões ambientais, sociais".
A ministra chamou ainda atenção para o facto de o aumento de produção nacional provocar o crescimento das importações. Na sua opinião, "colocamos a tónica no aumento das exportações mas é importante estimular a produção nacional para substituir importações". Tem como consequências o fortalecimento das cadeias de valor nacionais e a apropriação pelas empresas de uma parte cada vez maior do valor final do produto no mercado.