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Enel quer central a carvão de mil milhões em Sines
A eléctrica italiana Enel quer construir de raiz uma central térmica a carvão limpo (com tecnologia de sequestração de carbono) em Portugal com 800 megawatts de potência, um investimento da ordem dos mil milhões de euros.
A eléctrica italiana Enel quer construir de raiz uma central térmica a carvão limpo (com tecnologia de sequestração de carbono) em Portugal com 800 megawatts de potência, um investimento da ordem dos mil milhões de euros.
A localização concreta da nova unidade será Sines, disse ao "Diário de Notícias" Patrick Haillot, o representante da empresa para o mercado português.
O responsável da Enel diz que já encetou contactos com o Governo português para dar conhecimento da sua intenção de apresentar o projecto. Quanto aos estudos necessários à contrução da central, estão neste momento a ser elaborados.
Patrick Haillot não exclui a possibilidade de entrar outro parceiro do sector eléctrico no projecto, mas, para já, não quis adiantar possíveis entidades com quem a empresa possa vir a estabelecer uma parceria.
É sabido, no entanto, que os projectos em que a empresa se envolveu em território nacional têm tido como parceira a espanhola Union Fenosa. Por outro lado, a Enel é desde há pouco tempo a maior accionista privada da espanhola Endesa, empresa que já está presente no mercado português e que na apresentação do seu plano estratégico para Portugal manifestou interesse em apostar no carvão limpo em Sines.
Mas a relação Endesa/Enel poderá demorar ainda algum tempo a clarificar. A eléctrica italiana, juntamente com a construtora Acciona, outro dos accionista da Endesa, preparava-se para lançar, na semana passada, uma OPA (oferta pública de aquisição ) sobre a eléctrica espanhola. Contudo, na sexta-feira, a CNMV, reguladora do mercado espanhol, decidiu não autorizar qualquer OPA sobre a Endesa durante os próximos seis meses e deu a possibilidade à alemã E.ON, que tem em curso uma OPA sobre a eléctrica espanhola, de subir a sua oferta sobre os 100% da empresa.
A eléctrica italiana, entretanto, continua a sua estratégia para o mercado português. Por isso, Patrick Haillot prefere falar do projecto como se fosse a Enel a desenvolvê-lo sozinha. "Nós temos capacidade e engenharia para fazer esta central sozinhos. A Enel já tem outras centrais de carvão limpo", sublinha.
Na Estratégia Nacional para a Energia, apresentada pelo ministro da Economia, Manuel Pinho, em Janeiro, o Governo define como um dos objectivos para o País ter em operação, em 2014, uma nova central a carvão limpo em Sines, com 800 MW de potência. A contar com este novo projecto, a REN - Redes Energéticas Nacionais, tem disponível uma ligação para uma central daquela dimensão à rede, em Sines.
O carvão limpo tem sido defendido pela União Europeia como uma boa alternativa para reduzir o peso do gás natural nos sistemas electroprodutores dos Estados membros, porque se produz em vários países, permitindo reduzir os problemas de segurança no abastecimentos de fontes energéticas e, além disso, é mais barato do que o gás natural. Por outro lado, o mix da produção de energia eléctrica deve ser equilibrado, em qualquer país, para não gerar dependências excessivas de uma determinada fonte energética, defendem os especialistas do sector. O problema das centrais a carvão era até agora o nível elevado de emissões de CO2 que estas geravam.
O responsável da Enel diz que uma central de 800 MW de carvão limpo demora, no mínimo, três anos a construir. A empresa espera ter os estudos concluídos até ao final deste ano.