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Enel quer central a carvão de mil milhões em Sines

A eléctrica italiana Enel quer construir de raiz uma central térmica a carvão limpo (com tecnologia de sequestração de carbono) em Portugal com 800 megawatts de potência, um investimento da ordem dos mil milhões de euros.

26 de Março de 2007 às 07:49
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A eléctrica italiana Enel quer construir de raiz uma central térmica a carvão limpo (com tecnologia de sequestração de carbono) em Portugal com 800 megawatts de potência, um investimento da ordem dos mil milhões de euros.

A localização concreta da nova unidade será Sines, disse ao "Diário de Notícias" Patrick Haillot, o representante da empresa para o mercado português.

O responsável da Enel diz que já encetou contactos com o Governo português para dar conhecimento da sua intenção de apresentar o projecto. Quanto aos estudos necessários à contrução da central, estão neste momento a ser elaborados.

Patrick Haillot não exclui a possibilidade de entrar outro parceiro do sector eléctrico no projecto, mas, para já, não quis adiantar possíveis entidades com quem a empresa possa vir a estabelecer uma parceria.

É sabido, no entanto, que os projectos em que a empresa se envolveu em território nacional têm tido como parceira a espanhola Union Fenosa. Por outro lado, a Enel é desde há pouco tempo a maior accionista privada da espanhola Endesa, empresa que já está presente no mercado português e que na apresentação do seu plano estratégico para Portugal manifestou interesse em apostar no carvão limpo em Sines.

Mas a relação Endesa/Enel poderá demorar ainda algum tempo a clarificar. A eléctrica italiana, juntamente com a construtora Acciona, outro dos accionista da Endesa, preparava-se para lançar, na semana passada, uma OPA (oferta pública de aquisição ) sobre a eléctrica espanhola. Contudo, na sexta-feira, a CNMV, reguladora do mercado espanhol, decidiu não autorizar qualquer OPA sobre a Endesa durante os próximos seis meses e deu a possibilidade à alemã E.ON, que tem em curso uma OPA sobre a eléctrica espanhola, de subir a sua oferta sobre os 100% da empresa.

A eléctrica italiana, entretanto, continua a sua estratégia para o mercado português. Por isso, Patrick Haillot prefere falar do projecto como se fosse a Enel a desenvolvê-lo sozinha. "Nós temos capacidade e engenharia para fazer esta central sozinhos. A Enel já tem outras centrais de carvão limpo", sublinha.

Na Estratégia Nacional para a Energia, apresentada pelo ministro da Economia, Manuel Pinho, em Janeiro, o Governo define como um dos objectivos para o País ter em operação, em 2014, uma nova central a carvão limpo em Sines, com 800 MW de potência. A contar com este novo projecto, a REN - Redes Energéticas Nacionais, tem disponível uma ligação para uma central daquela dimensão à rede, em Sines.

O carvão limpo tem sido defendido pela União Europeia como uma boa alternativa para reduzir o peso do gás natural nos sistemas electroprodutores dos Estados membros, porque se produz em vários países, permitindo reduzir os problemas de segurança no abastecimentos de fontes energéticas e, além disso, é mais barato do que o gás natural. Por outro lado, o mix da produção de energia eléctrica deve ser equilibrado, em qualquer país, para não gerar dependências excessivas de uma determinada fonte energética, defendem os especialistas do sector. O problema das centrais a carvão era até agora o nível elevado de emissões de CO2 que estas geravam.

O responsável da Enel diz que uma central de 800 MW de carvão limpo demora, no mínimo, três anos a construir. A empresa espera ter os estudos concluídos até ao final deste ano.

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