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Empresas sem vontade de investir na sustentabilidade

Maioria das empresas considera que o investimento sustentável não é mais que uma obrigação dispendiosa. A percentagem de investimento médio não ultrapassa os 0,41%.

São vários os motivos para a reconfiguração de vários grupos nacionais, nomeadamente as questões de sustentabilidade.
Andrew Kelly/Reuters
11 de Dezembro de 2022 às 15:00
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A aplicação de medidas ecológicas nas empresas tem sido descrita como urgente, mas, na prática, quem lidera as companhias demonstra alguma resistência à sua implementação. De acordo com um novo estudo do Instituto de Investigação da consultora Capgemini, a sustentabilidade tem vindo a ser vista como uma fonte de custos e não de valor.

 

O estudo intitulado "A World in Balance - Why sustainability ambition is not translating to action" ("Um  Mundo em Equilíbrio – Por que é que a ambição da sustentabilidade não se traduz em ações práticas", em português), concluiu que, até agora, pouco ou nada foi feito para implementar condutas sustentáveis nas empresas. Apesar de a maioria ter anunciado  objetivos relacionados com a neutralidade carbónica, há discrepâncias entre os comportamentos a curto prazo e as ambições a longo prazo.

Cerca de dois terços dos inquiridos, 64%, confirmou a existência de temas de sustentabilidade na agenda da equipa executiva das suas empresas, mas menos de metade, 49%, tem uma lista definida das prioridades para os próximos três anos. Pouco mais de um terço, 37%, disse que a sua empresa está a repensar o modelo de funcionamento.

O estudo, realizado entre agosto e setembro deste ano, contou com cerca de 2.000 inquiridos de quadros superiores, pertencentes a 668 grande grupos empresariais (com receitas anuais superiores a mil milhões de dólares) nos principais setores de atividade em 12 países.

O estudo revela ainda um problema na partilha de dados sustentáveis, com apenas 43% dos inquiridos a dizer que a informação está disponível e é partilhada dentro da organização. No que diz respeito a recrutar novos talentos com fortes competências na área da sustentabilidade, apenas 47% diz fazê-lo ativamente.

A percentagem de investimento médio das empresas em iniciativas ambientais fixou-se em apenas 0,41%. Por outro lado, empresas com receitas menores, entre os 1.000 e os 5.000 milhões de dólares, investem mais, em média 2,81%. Contudo, estes valores ficam muito aquém dos 4% investidos pelas empresas do ranking "Standard & Poor's 500", em 2020, na área de investigação e desenvolvimento.

Apenas um em cada cinco inquiridos considerou que o retorno de investimento é claro e 53% diz que o custo das iniciativas supera o seu potencial benefício. Mas o estudo da Capgemini vem provar precisamente o contrário: as organizações que deram prioridade aos investimentos em sustentabilidade já apresentam melhores resultados do que aquelas que não o fizeram.

O uso de novas ferramentas é também visto como uma forma de atingir objetivos sustentáveis. 
Mais de metade dos gestores inquiridos, 57%, dizem que a sua empresa conhece a dimensão das emissões de carbono e 58% afirmam já usar a inteligência artificial e a automação para a gerir. Tecnologias digitais como a realidade aumentada, a realidade virtual e as ferramentas de colaboração para reduzir as viagens dos trabalhadores também estão a ser alvo de investimento.

"É agora ou nunca, se quisermos limitar o aquecimento global a 1,5°C. A mudança tem de vir do topo", diz Cyril Garcia, CEO da Capgemini Invent e Executive Board Member do Grupo Capgemini, em comunicado. O aumento da regulação e da pressão da sociedade civil, resulta "num maior escrutínio por parte dos consumidores e dos investidores", acrescenta, sublinhando que "as empresas que tardam em concretizar as suas ambições", arriscam-se tornarem-se obsoletas nos próximos anos. E deixa a questão: "Quem quererá gerir uma empresa que não seja sustentável?"

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