A operação de titularização do défice tarifário da EDP, pela qual a eléctrica antecipou no ano passado uma receita global de quase 1,7 mil milhões de euros, teve um efeito colateral na dívida da própria EDP. Dessa titularização resultou, no segundo trimestre deste ano, um "imposto pago anormalmente elevado", que, segundo o grupo de António Mexia, ascendeu a 400 milhões de euros.

Vale a pena olhar para trás. Nos últimos anos os preços regulados da electricidade cobrados aos consumidores portugueses não chegaram para cobrir os custos de produção dessa electricidade. Daí resultou um défice tarifário que, desde 2006, somou mais de dois mil milhões de euros. No início de 2009 a EDP firmou com a Tagus um acordo pelo qual recebeu daquela empresa 1,2 mil milhões, cedendo à Tagus o direito a receber posteriormente o défice tarifário de 2007 e 2008. No final de 2009 a EDP faria um acordo semelhante com a Tagus, relativo ao défice desse ano, pelo qual a eléctrica encaixou mais 435 milhões.