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Capital de risco português atinge novo recorde

Imobiliário tem vindo a ganhar peso nas carteiras, revela o relatório anual da CMVM sobre a actividade de capital de risco. A maior parte das operações de venda não geraram mais-valias. A excepção está nos fundos de recuperação.

A nova administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), liderada por Gabriela Figueiredo Dias, é composta por membros com experiência na área financeira, todos nomeados pelo Governo de António Costa. A presidente do supervisor do mercado de capitais já integrava o conselho e, em Novembro de 2016, mais de um ano após o fim do mandato do antecessor (Carlos Tavares), foi nomeada para as novas funções. Mesmo antes de subir à administração, Figueiredo Dias, que fez carreira como advogada e académica na área do Direito, estava na CMVM desde 2007. Os restantes quatro administradores também têm experiência na área financeira. Filomena Oliveira saiu da CGD para o supervisor e já tinha estado no IGCP e na Direcção-Geral do Tesouro. Afonso Silva foi gestor da Açoreana dois anos e antes foi gestor de várias empresas. João Gião esteve quase dez anos na CMVM antes de ir para o Mecanismo Europeu de Estabilidade, de onde regressou. Já Rui Pinto esteve na direcção de supervisão do Banco de Portugal.
10 de Outubro de 2017 às 12:58
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O montante gerido pelas capitais de risco aumentou 11,3% no ano passado para 4,5 mil milhões de euros, o equivalente a 2,4% do PIB, revela a CMVM no relatório anual sobre o sector, divulgado esta terça-feira, dia 10 de Outubro.


Também os activos na carteira dos fundos e sociedades gestoras de capital de risco aumentaram, atingindo os 4,6 mil milhões, um aumento de 10,2% ou 431 milhões de euros.


Segundo o supervisor, o aumento deve-se sobretudo ao crescimento do montante direccionado para os chamados "outros activos afectos ao investimento em capital de risco", essencialmente instrumentos derivados e outos activos financeiros. O investimento em capital ou dívida de empresas residentes diminuiu, embora tenha subida nas estrangeiras.


A CMVM repete a crítica de outros anos relativamente ao peso excessivo da concessão de empréstimos, nomeadamente através de suprimentos, às empresas participadas pelas capitais de risco. "A actuação dos operadores de mercado permanece muito próxima da actividade bancária", em vez de se constituir essencialmente como um instrumento de reforço de capitais próprios, considera o regulador liderado por Gabriela Figueiredo Dias.

Imobiliário ganha peso

As SGPS não financeiras continuam a representar a maior fatia do investimento das capitais de risco (35%), seguindo-se a indústria transformadora (11,2%), as actividades imobiliárias (10,6%) e o alojamento e restauração. A CMVM sublinha que o imobiliário "ganhou um maior peso no último ano em resultado da dinâmica recente do mercado imobiliário em Portugal", mas nota que é um segmento menos propenso "à geração de elevado valor acrescentado."

O "venture capital", que se especializa em empresas num estágio inicial, continua a pesar mais em temos relativos do que o "private equity". As operações de "management buyout" e recuperação são as que tiveram maior relevo nos últimos anos, em detrimento do investimento em fases de expansão e capital de substituição.


Olhando em particular para o segmento de "venture capital", o relatório descrimina que o montante investido em start-ups era de 372,5 milhões ou 10,4% do total. O investimento em "seed capital" e "early stage", apesar de diminuto, foi superior ao do ano transacto.

 

Só uma em cada seis operações com mais-valias

O relatório da CMVM olha também para a capacidade do capital de risco para gerar ganhos com os investimentos realizados na fase de alienação. Segundo o relatório, "quando avaliadas com base no valor de aquisição, apenas uma em cada seis operações produziu mais-valias e mais de um terço registaram menos-valias". As vendas ao preço de aquisição constituíram 47,8% do número de operações.

O panorama melhora quando é considerado não o valor de aquisição do activo mas aquele a que está registado na carteira. Neste caso, 34,1% das operações resultaram em menos-valias enquanto 44,5% tiveram mais-valias.


Só as operações de "turaround" ou recuperação apresentaram um saldo positivo de mais-valias: 27,1 milhões de euros.

No final de 2016 operavam no sector de capital de risco português 38 sociedades e 85 fundos de capital de risco. 

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