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Calçado português vai à feira de Milão "bater o pé" aos concorrentes italianos

O calçado português promete "bater o pé" ao italiano na maior feira internacional do setor, que arranca domingo em Milão, Itália, afirmando-se decidido a reforçar o recente saldo comercial positivo com o maior produtor europeu de calçado.

Paulo Duarte/ Negócios
11 de Setembro de 2019 às 17:11
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Segundo adiantou à agência Lusa fonte da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) - que organiza a participação portuguesa na feira Micam -, em 2018, as exportações portuguesas de calçado para Itália somaram 54 milhões de euros, superando os 50 milhões de euros de importações feitas aquele país.

 

"A balança comercial favorece, assim, o nosso país", destaca a associação, recordando que esta é, contudo, uma realidade recente, que "começou a alterar-se nos últimos anos", traduzindo-se num aumento de 64% desde 2010 das exportações portuguesas de calçado para Itália, enquanto as importações cresceram apenas 14%.

 

Na 88.ª edição da Micam e da Mipel (feira de acessórios), que decorre de domingo a quarta-feira em Milão, Portugal promete apresentar-se "em força", com uma comitiva de 81 empresas responsáveis por mais de oito mil postos de trabalho e cerca de 550 milhões de euros de exportação.

 

Segundo refere a APICCAPS, a presença portuguesa na Micam insere-se na estratégia promocional definida pela associação e pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), com o apoio do Programa Compete 2020, com vista a "consolidar a posição relativa do calçado português nos mercados externos".

 

"A promoção comercial externa é a primeira das prioridades para a indústria portuguesa de calçado, que coloca no exterior mais de 95% da sua produção", sustenta a associação, recordando que "sensivelmente 180 empresas da fileira do calçado estão a participar, desde o início do ano, num megaprograma de promoção à escala internacional" que prevê a presença "em mais de 60 dos mais prestigiados fóruns internacionais da especialidade".

 

Considerando "da maior importância" a presença nacional "na maior e mais prestigiada feira de calçado do mundo", estarão, ao todo, em Milão mais de 1.400 expositores de aproximadamente 50 países, sendo esperados mais de 40 mil visitantes profissionais e voltando Portugal a destacar-se como "a segunda maior delegação estrangeira na feira, apenas superado pela Espanha".

 

Nesta edição da Micam a principal novidade é a criação da área "Players District", que reunirá no pavilhão sete propostas de calçado desportivo sob o mote 'Where outdoor and sportsshoes come into play' (Onde o desporto e o ar livre entram em jogo) e cujo objetivo é "acrescentar mais uma tipologia de calçado à oferta de produtos da feira", respondendo à crescente procura neste segmento.

 

Em 2018 as exportações da indústria portuguesa de calçado aumentaram 1,54% (para 84 milhões de pares), mas recuaram 2,65% em valor (para 1.904 milhões de euros), interrompendo um ciclo de oito anos consecutivos de crescimento.

 

Segundo a APICCAPS, o abrandamento das principais economias mundiais, para onde a indústria portuguesa de calçado exporta mais de 95% da sua produção, "terá afetado o setor e contribuído para o desempenho final", mas o desempenho da última década evidencia um crescimento acumulado de 47% das exportações de calçado português.

O ano 2019 foi apontado pelo setor como "um ano de afirmação nos mercados externos", durante o qual pretende investir, com o apoio do Programa Compete, mais de 18 milhões de euros em atividades promocionais no âmbito das "grandes prioridades" de "aumentar as vendas no exterior, diversificar os mercados de destino e o leque de empresas exportadoras".

 

Neste contexto, a APICCAPS tem vindo a destacar a importância do aprofundamento da estratégia de diversificação de mercados que vem desenvolvendo há alguns anos no sentido de diminuir a dependência do setor dos mercados europeus, para onde canaliza atualmente cerca de 85% das vendas, mas cujo peso quer reduzir para 80% dentro de "três ou quatro anos".

 

Com mais de 39.600 trabalhadores no final de 2018, a indústria portuguesa de calçado exporta para 163 países dos cinco continentes e chegou, na última década, a 43 novos mercados.

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