Notícia
BCP quer crescimento de 50% até 2004 em França (act)
O Banque BCP quer crescer 50% até 2004, no que respeita ao número de clientes, e pretende aumentar a eficiência, revelou em conferência de imprensa João Lopes Raimundo, responsável pela filial do BCP em França.
A unidade francesa da instituição liderada por Jardim Gonçalves, detida a 100% pela casa mãe, conta actualmente com cerca de 130 mil clientes, dos quais 10 mil são empresas e os restantes são portugueses ou luso descendentes, pretendendo alcançar, no final de 2004, um total de 200 mil.
Este crescimento, a ser concretizado, permitirá manter uma quota de mercado de cerca de 50%, do universo dos clientes portugueses ou luso descendentes com contas em bancos nacionais e que, actualmente, ascende a 900 mil. Deste total, apenas cerca de 300 mil têm uma conta aberta junto de uma instituição financeira nacional em território francês.
«Para 2004, prevemos aumentar o número de clientes para os 200 mil (…) e colocar o ‘cost-to-income’ aos níveis médios da banca francesa, que ronda os 70% », explicou aos jornalistas Lopes Raimundo, acrescentando que a elevada taxa de custos sobre os proveitos em França é mais alta que a média nacional devido «à legislação local».
O actual programa de controlo de custos do banco permitirá poupanças de 1,5 milhões de euros no final de 2004.
O objectivo foi anunciado depois de um ano e meio de reestruturação que obrigou a investimentos de 20 milhões de euros na uniformização de sistemas informáticos, «lay-out» das agências, para além da integração das várias marcas do grupo presentes no país que reúne a maior comunidade portuguesa além fronteiras.
BCP muda de estratégia para promover crescimento do negócioEm Abril de 2001, o BCP [BCP] viu-se confrontado com a necessidade de se reestruturar em território francês, devido às aquisições realizadas nos últimos anos, pelo que contava com quatro marcas distintas em França: Sottomayor, Mello, Atlântico e Nova Rede, estas duas últimas sob a alçada do Banco Popular Comercial.
Esta operação resultava de uma «joint venture» em partes iguais detidas pelo BCP e o espanhol Banco Popular.
Desfeita a parceria com o Banco Popular, o Banque BCP passou a operar directamente as marcas comercializadas em Portugal, Atlântico, Sottomayor e Nova Rede.
O Banque BCP conta com 63 agências espalhadas por toda a França, sendo a região da grande Paris a que concentra o maior número de balcões, ou seja, 40.
«Não prevemos aumentar o número de agências», uma vez que cobrimos os pólos principais de presença dos portugueses em França, explicou Christopher de Beck, vice-presidente do grupo para a área internacional. As alterações efectuadas não implicaram o despedimento de funcionários, cujo número total atinge os 607.
As alterações fazem parte de uma estratégia que visava mudar o conceito anterior do banco, que vivia essencialmente das tranferências das remessas de emigrantes para Portugal, para passar a disponibilizar mais serviços como a concessão de crédito e outras aplicações financeiras comercializadas pelas marcas do grupo.
«Queremos tornarmo-nos no banco de referência da comunidade portuguesa em França», especificou de Beck.
Para tal, o banco aposta no «alargamento da base clientes, no ajustamento tarifário e no incremento do ‘cross selling’», adiantou Lopes Raimundo.
O banco pretende impulsionar o crédito concedido que, actualmente, atinge 12% dos clientes em França. «Temos que aumentar a taxa de clientes que faz recurso ao crédito para crescer», explicou João Lopes Raimundo.
Paralelamente, o Banque BCP pretende aumentar os canais de distribuição, como o «Internet banking», que neste momento existe em www.banquebcp.fr, mas permite apenas a consulta de informação.
«Desta forma, poderemos capitalizar o segmento de clientes com menos de 25 anos e com menos ligações a Portugal do que as duas gerações anteriores», explicou Lopes Raimundo. Este segmento representa 20% da clientela total.
Até Setembro deste ano, o património dos clientes emigrantes do BCP sediado em Portugal atingiu os 2,1 mil milhões de euros, dos quais 50% tiveram origem em França.
No final de 2001, os recursos captados ascenderam aos 946 milhões de euros, dos quais 323 milhões foram transferidos para Portugal. Para este ano, o banco espera alcançar um património dos clientes de mil milhões de euros, dos quais 500 milhões de euros, ou seja, 50% serão enviados para Portugal.
O crédito concedido em 2001 ascendeu aos 449,7 milhões de euros, cerca de 1% do total do grupo, enquanto os lucros líquidos ascenderam aos 561 mil euros, ou 0,1% dos 571,67 milhões de euros de lucros registados no mesmo período. Até Setembro deste ano, o crédito concedido ascendeu aos 461,8 milhões de euros, dos quais 74% a particulares, enquanto os restantes 26% a empresas.
Por Ricardo Domingos
O jornalista viajou a Paris a convite do BCP