Unidades do BCP na Polónia e na Grécia foram consideradas “não core” pelo banco, que vai agora analisar se estes activos serão vendidos, consolidados ou reestruturados. O Banco Comercial Português anunciou hoje um ajustamento da sua agenda estratégica, que inclui a classificação dos activos na Europa como “não core”.

“No âmbito da sua nova visão estratégica e do foco que se pretende em Portugal, África,

Ásia e Brasil, as restantes operações na Europa são considerados não “core””, refere o banco num comunicado.

Nesta fonte, onde anuncia esta nova estratégia, o BCP não é claro sobre a decisão final a tomar sobre estes activos, salientando que vai agora iniciar “uma revisão estratégica para avaliação da criação de valor das várias opções possíveis, permitindo uma decisão sobre as respectivas participações sociais”.

Na Polónia o BCP controla o Bank Millennium e na Grécia detém o Millennium Bank. No mercado europeu está ainda presente na Roménia, através do Banca Millennium.

Esta decisão de classificar estes activos como “não core” – abrindo a porta à possibilidade de os vender – surge depois do apelo do Banco de Portugal para o BCP reforçar os seus rácios de capital. O banco superou os “testes de stress”, com um “core tier 1 de 5,5%. Na altura o banco tinha já anunciado que iria lançar uma oferta sobre acções preferenciais para passar a marca de 6%, tal como exigido pelo regulador.

Além disso, os bancos portugueses, no âmbito do pedido de ajuda externa, terão também de reforçar os seus rácios de capital no final deste ano e em 2012, bem como desalavancar o seu balanço.

Redefinir posição na Europa

A nova estratégia do BCP visa focar o banco na sua actividade em Portugal, África, Brasil e Ásia, daí que a presença na Europa perca agora importância.

Na Polónia o BCP diz que vai proceder à “avaliação de oportunidades de apropriar o valor da operação” neste país, tendo para o efeito já contratado o Deutsche Bank e o Nomura para este processo.

Na apresentação desta nova estratégia o BCP assinala que o mercado polaco existe uma tendência para a “consolidação com envolvimento/interesse de diversos players locais e internacionais”, bem como um “forte potencial para captura de valor”.

A unidade polaca do BCP, que é cotada na bolsa de Varsóvia, obteve um aumento de 57% nos lucros do primeiro semestre do ano, que atingiram 216,4 milhões de zlotys (54,7 milhões de euros).

Na Grécia o BCP vai explorar “opções para reestruturar e reduzir a exposição” a este mercado, tendo estabelecido um processo de avaliação de diferentes opções e oportunidades, incluindo a eventual participação no processo de consolidação do sector bancário grego, relativamente ao Millennium bank, Societé Anonyme”.

Na apresentação o BCP adianta que a intenção passa por “participar activamente nos movimentos de consolidação previsíveis neste país”.

Quanto à Roménia, a opção passa por “estabilizar a operação” e ”reduzir o impacto em resultados”.

Carlos Santos Ferreira explica que a reavaliação das operações na Polónia e Grécia não visa cumprir as exigências de capital. “Não é preciso fazer este tipo de operações para atingir os 9%. Mas fica capital disponível para investir” adiantou o gestor.