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Batalha entre Amazon e Hachette tem novos "exércitos": os escritores

A Amazon não aceita pré-encomendas nem realiza descontos em títulos da editora Hachette. Os autores decidiram juntar-se ao debate, com presenças nos dois lados da questão.

Bloomberg
04 de Julho de 2014 às 17:52
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Não é de agora que o confronto entre a Amazon e a Hachette. A retalhista 'online' e o grupo editorial estão em desacordo quanto aos termos e preços de venda ao consumidor que deverão ser adoptados na plataforma, sobretudo no que diz respeito à categoria dos 'ebooks' (livros electrónicos).

 

A disputa contratual – que visa assegurar melhores margens para a retalhista - levou a Amazon a não aceitar pré-encomendas de livros de autores da Hachette, a não realizar descontos nos títulos da editora e a atrasar, para um período entre 3 e 5 semanas, a entrega das obras.

 

De realçar que a opção de pré-encomenda se revela importante para as editoras porque lhes permite adaptar a tiragem de acordo com o número de solicitações que lhe chegam, explica a imprensa internacional.

 

Agora, juntam-se novos elementos aos dois lados da barricada, com duas petições diferentes. Em comum, apenas a profissão: escritores.

 

O autor Douglas Preston foi o primeiro a estabelecer o mote com uma carta aberta que convida os leitores a enviar as suas reclamações ao presidente executivo da Amazon, Jeff Bezos. O americano quer fazer a retalhista ver o impacto da sua posição no ramo editorial. "Não estamos contra a Amazon, apenas contra as suas tácticas de negociação", afirma ao The Guardian.

 

A ele juntaram-se outros nomes como Paul Auster ou Stephen King. Todos falam em "retaliação selectiva" aos escritores e acreditam que ninguém beneficia "quando os livros são feitos reféns". De acordo com Preston, o conjunto de autores que já aderiu à sua petição representa mais de mil milhões de livros vendidos.

 

No outro extremo estão os que defendem a Amazon, a sua maioria autores independentes como Hugh Howey e Barry Eisler. A sua petição, que já reuniu mais de três mil assinaturas, pede aos leitores que não boicotem a Amazon, porque a empresa tem favorecido a divulgação do seu trabalho e a diversidade da própria leitura.

 

Destacando que a sua iniciativa não partiu da Amazon, estes autores alertam que grande percentagem de 'ebooks' vendidos na plataforma pertencem a autores sem relações com grandes grupos editoriais.

 

A Hachette é a quarta maior editora dos Estados Unidos da América, sendo detida pelo grupo francês France Lagardère. A companhia pede uma "maior valorização" do papel dos autores e das editoras.

 

A Amazon já reagiu, através do seu vice-presidente Russ Grandinetti. Ao Wall Street Journal garantiu que as negociações visam "o interesse dos clientes a longo prazo", lamentando que esta incerteza esteja a prejudicar os autores. "O nosso foco, durante anos, tem sido o de construir uma livraria que beneficia autores e leitores", afirmou.

 

Quer, por isso, que a situação esteja resolvida o mais rapidamente possível. Em Junho, avançou a Reuters, a própria Comissão Europeia estava a investigar este caso por preocupações com possíveis práticas anti-concorrenciais.

 

Não é a primeira vez que a Amazon passa por uma situação destas, realça a imprensa internacional. Em 2010, a editora Macmillan propunha novos termos para a venda de 'ebooks', passando para o seu domínio a definição do preço dos produtos. Na altura, a Amazon removeu a opção de compra dos novos títulos da editora, mas acabou por recuar e aceitar os termos. 

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