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As tramas que a crise destapou
Kerviel, Madoff, Nadel, Stanford são apenas quatro nomes entre os muitos que têm sido revelados com a actual crise. Esquemas que correm mal, muitos dos quais envolvendo milhares de crédulos, estão a levar à detenção dos burlões. Mas também ao suicídio de muitas vítimas que perdem as poupanças de uma vida inteira.

Se as suas apostas continuassem a ser bem sucedidas, Jérôme Kerviel poderia ser ainda um perfeito desconhecido para a maioria do comum dos mortais. Mas a queda da bolsa no início do ano passado, já em plena crise financeira mundial, fez com que este ex-corretor do Société Générale caísse em desgraça.
Jérôme Kerviel tinha um limite de negociação de 250 milhões de euros. Segundo o ex-corretor, era normal este valor ser superado. Em entrevista ao canal de televisão TF1, Kerviel referiu que chegou a fazer apostas de 10 mil milhões de euros.
Madoff: O investidor que lesou o próprio advogado

Bernard Madoff, ex-presidente da bolsa tecnológica Nasdaq e fundador da Bernard L. Madoff Investment Securities, foi detido a 11 de Dezembro, depois de alegadamente ter contado aos seus dois filhos que tinha estado a utilizar dinheiro de novos investidores para pagar aos mais antigos, naquele que poderá ser o maior esquema de Ponzi da história - estando avaliado em 35,2 mil milhões de euros.
Entre os clientes de Madoff contam-se bancos, fundos de cobertura de risco, instituições de caridade, universidades e muitos investidores privados, e clientes como o realizador Steven Spielberg, do actor Kevin Bacon ou do jogador de basebol Sandy Koufax. O próprio advogado de Madoff, Ira Lee Sorkin, consta da lista de lesados.
Os reguladores norte-americanos dizem ter provas da má conduta de Madoff, cuja fraude remonta até pelo menos à década de 70. Madoff é tido como o gestor do dinheiro dos ricos. A sua fama de pagamento de elevadas remunerações durante anos a fio deu-lhe a reputação que precisava para que o esquema não parasse. Até que chegou a crise...

Allen Stanford tem 58 anos e é um economista com dupla nacionalidade. Tem B.I. dos Estados Unidos e de Antígua e Barbuda (Caraíbas). Começou a construir a sua fortuna através de investimentos no mercado imobiliário texano depois da crise das "Savings & Loans" na década de 80.
No passado dia 17 de Fevereiro rebentou o escândalo. Stanford foi acusado da segunda maior fraude financeira a ser descoberta nos últimos três meses nos Estados Unidos. Um caso de fraude civil que os reguladores do mercado disseram ter "tentáculos" em todo o mundo. A SEC acusa o texano de gerir um esquema piramidal - com certificados de depósito - avaliado em 6,3 mil milhões de euros através de um império financeiro que inclui um banco privado domiciliado em Antígua, uma sociedade de corretagem e uma unidade de consultoria em investimento.
Os certificados de depósitos vendidos através do Stanford International Bank prometiam retornos da ordem dos 15%, o quádruplo daquilo que os bancos americanos oferecem em aplicações similares.